Por O Dia

Abel Braga acordou decidido ontem e deu um ponto final à passagem pelo Flamengo, antes que fosse demitido. Vendo seu processo de fritura nos bastidores da Gávea, o experiente treinador pediu para sair. O estopim foi o abalo na relação com a diretoria. Ao saber que dirigentes já negociavam com o português Jorge Jesus, o mais cotado para substituí-lo, Abelão resolveu se adiantar e pedir o boné. Por enquanto, o Flamengo vai de Marcelo Salles, interino, para o jogo contra o Fortaleza, sábado, às 16h, no Nilton Santos.

Abel chegou ao Ninho do Urubu na tarde de ontem só para se despedir dos jogadores. O contato com a cúpula rubro-negra para anunciar a saída foi por telefone, sinal da relação já conturbada: "Na vida, seja na minha carreira de jogador ou de treinador, sempre estive preparado para as grandes pressões e os grandes momentos. Sempre me dei bem com isso. E me habituei a encarar esses desafios de cabeça erguida. Mas jamais estive preparado para covardias e articulações. O que não suporto é traição. Eu me senti sem respaldo, isolado em certo momento. O que posso afirmar é que o Flamengo é muito maior que isso".

Ao blog de Renato Maurício Prado no site 'UOL', o treinador explicou o motivo do desgaste e voltou a disparar contra a diretoria: "Trabalhei em Portugal e até hoje conheço gente lá. Me disseram que houve o contato. Liguei, então, para o Landim e para o Bap e lhes perguntei se de fato tinha acontecido. Negaram. Voltei às minhas fontes e tive a confirmação de que gente do Flamengo, sim, estivera com o Jesus. Aí, não dá mais, acabou a confiança".

"Não aceito trairagem. Agora mesmo soube que o Landim disse, na entrevista, que eu saí por problema pessoal. Mais uma mentira! Apoio e respaldo zero foi o que tive! O Flamengo é o máximo. Mas as pessoas que o dirigem, infelizmente, não", completou.

Se o técnico parecia distante da diretoria, o elenco esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis: demonstrou apoio quando Abel sofreu a arritmia cardíaca, em março, e o protegeu das vaias da torcida no último jogo, contra o Athletico-PR.

"Jamais vou esquecer esse grupo, competitivo e dedicado ao extremo. São homens de caráter, prontos para conquistar grandes títulos este ano. Sempre soube que eles dariam a resposta em campo. Foi uma despedida emocionante", ressaltou Abel Braga.

Landim dá versão bem diferente
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Um dos motivos da indignação de Abel Braga foi a justificativa dos dirigentes para a demissão. Em coletiva, antes da nota de Abel, o presidente Rodolfo Landim apresentou versão diferente sobre a saída, alegando que o treinador tinha 'problemas particulares'.
"Acho que mais recentemente houve um crescente descontentamento da torcida por tudo o que aconteceu. Eu acho isso: ele chegou e conversou com a família. O nível de desgaste que ele estava tendo era muito alto", disse Landim.
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Estopim para o pedido de demissão de Abel, a negociação com o português Jorge Jesus não foi confirmada pelo presidente. O novo treinador só chegará durante a pausa para a Copa América.
"Até esse momento a gente não tinha conversado com ninguém. A partir de hoje, estamos conversando com muita gente", afirmou.
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