Porém, João Gomes não se adaptou e não quis ficar no Vasco. Segundo a mãe, Monique Gomes, o garoto sempre inventava uma desculpa para não ir para São Januário.
"Todo dia inventava uma história. O João não queria ficar no Vasco. Não tivemos o que fazer e tiramos ele do Vasco depois de quatro meses".
Após deixar o Cruzmaltino, João Gomes contou com um empurrão do destino para juntá-lo com o seu clube de coração. A família do garoto sonhador conheceu um então treinador das categorias de base do Rubro-Negro, chamado Falcão.
"Um amigo nosso falou com o Falcão e indicou o nome de João para fazer um teste. Por um acaso, eu encontrei o Falcão na rua da minha casa e ele me perguntou se poderia levar o João para um teste. Ele foi, passou no teste em 2009 para o futsal e está no Flamengo até hoje".
MOMENTOS COMPLICADOS:
Como acontece no começo da carreira com a maioria dos jogadores, João Gomes enfrentou dificuldades para conseguir manter a rotina de treinos na Gávea. Quem fazia o papel de ser o apoiador na rotina difícil era o avô, Seu Mirinho, quem se esforçava diariamente para que o menino sonhador não desistisse do objetivo.
"Tivemos dificuldades. Bastante, bastante, bastante. Fico emocionada porque é difícil ver um garoto como ele, pobre de favela, com tantas dificuldades, e conseguir chegar à uma Libertadores por puro mérito. É para glorificar de pé mesmo", disse Monique emocionada, deixando as lágrimas caírem.
Quando Seu Mirinho teve problemas de saúde, quem assumiu o comando na rotina de João Gomes foi a mãe, Monique Gomes. Monique, portanto, precisou deixar o emprego para poder ficar em função da rotina do filho.
"Sempre foi uma correria. A gente levava marmita para comer nos ônibus. Às vezes não dava tempo de comer no ônibus e comia no ponto de ônibus da Leolpoldina (Centro do Rio), esperando o ônibus 460."
A rotina foi tão marcante na vida de João Gomes que ele fez questão de registrar na pele. O volante tatuou uma imagem dele, com o avô Mirinho, que faleceu recentemente, em um ponto de ônibus que fez parte da sua vida durante anos de treinamentos na Gávea. (veja imagem abaixo)
ESFORÇO PARA VENCER:
João Gomes não chegou onde queria por acaso. Segundo a mãe, o garoto sempre teve noção do esforço que teria que fazer para conseguir se tornar um jogador de futebol. A mãe relatou que desde a infância ele abriu mão de diversões e lazeres para focar na missão de ser um atleta profissional.
"João é um menino muito esforçado, dedicado. Ele sempre teve na cabeça que queria se tornar um jogador de futebol e fez por onde. Abria mão de festas, momentos com amigos, momentos que qualquer adolescente tem, mas ele sempre foi focado", relatou Monique em tom de orgulho.