Max fez o gol da vitória
Max fez o gol da vitóriaPaula Reis / Flamengo
Por Lucas Mazzini e Venê Casagrande
O Flamengo fez sua estreia no Cariocão 2021 na noite da última terça-feira. Uma vitória magra, por 1x0, sobre o Nova Iguaçu com um golaço no último lance protagonizado por Max, um dos muitos garotos que atuaram na partida. Mas quem é o jovem mineiro de apenas 19 anos que levou a alegria à milhões de Rubro-Negros?
Natural de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Max tem uma história de vida que se assemelha, infelizmente, a muitos brasileiros. De origem humilde, passou por muitas dificuldades financeiras com a família, viu, 13 anos, seu pai falecer, vítima de infarto e passou por muitas necessidades. Mas agora, como um bom mineiro, Max vem “comendo pelas beiradas” e tenta uma chance para se firmar no Flamengo.
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Muito tímido, Max começou sua carreira no futebol de base juiz-forano no Instituto Dom Orione, projeto social que atende comunidades da região da Cidade Alta. No instituo, o meia treinou junto com seus irmãos em campo de terra batido que sequer tinha traves. Foi então que aos 11 anos, ele teve a oportunidade de atuar no futsal do Sesi de Juiz de Fora e foi lá que, apesar da timidez, mas com um grande coração e sorriso, ganhou o apelido de “Menino Sorriso”.
Aos 13 anos, foi parar no São Bernardo Futsal, onde foi finalista de todas as competições que disputou. Max ficou conhecido por chamar a responsabilidade nas horas difíceis e ser muito decisivo. Voltando ao futebol de campo, Max estava no A.M.D.H, hoje conhecido com Betim Futebol, quando Régis, seu atual empresário, o conheceu por acaso. O meia tinha 16 anos na época. Procurado pela reportagem, Régis Oliveira falou sobre sua relação com o jogador.
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“Já tem um tempo que a gente está junto. Conheci ele com 16 anos e me encantei com o futebol dele. Eu tinha ido ver um outro jogador meu e acabou que ele arrebentou no jogo. Quando fui ver, ele era da minha cidade e do bairro ao lado do meu. Entrei em contato com ele e fiz uma proposta pra ele vir trabalhar comigo, que a gente faria de tudo pra poder ajuda-lo e coloca-lo no caminho certo. Nós ficamos amigos e desde então, tive o Max como um filho”, contou Régis.
Foi então que, em 2018, Régis levou Max para o Tupi, time tradicional da cidade de Juiz de Fora. Pelo clube, disputou o Campeonato Mineiro e foi considerado por toda a cidade como uma promessa local. Mesmo vivendo uma realidade difícil, o meia se destacava nos treinos pelo seu foco e compromisso. Durante a Copa Alterosa, competição local, Max vestiu a camisa 10 da equipe e foi vice-campeão, sob a tutela do treinador Wesley Assis.
Max enquanto jogava pelo Tupi - Reprodução
Max enquanto jogava pelo TupiReprodução
O técnico conversou com a reportagem e falou sobre a evolução do jogador e a relação com os atletas mais velhos nesses dois anos vestindo a camisa do Tupi.
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“A gente conseguiu a vaga pra jogar o Campeonato Mineiro e ele no primeiro ano de juniores, estava em grupo muito forte, de atletas de 1999 (Max nasceu em 2001) com muita bagagem e qualidade. Ele começou a destacar muito no treino, com muita qualidade e mais maduro. Os meninos começaram a respeitar ele, tanto pela parte técnica quanto pela vontade de vencer e ele conseguia trazer todo mundo pro lado com o afeto que ele tinha com as pessoas. Os meninos o acolheram da melhor forma possível”, relatou.
Por jogar com jogadores mais velhos e com mais bagagem, Max cresceu e foi titular em jogos do Mineiro, fez gols e conseguiu chegar ao quarto lugar da competição, algo inédito para o clube de Juiz de Fora. No mesmo ano, conquistaram o Campeonato Mineiro do Interior. O título deu a oportunidade para que o clube disputasse a Copa São Paulo de Juniores, o que iria mudar pra sempre a vida do jovem mineiro e Wesley parecia já saber que isso aconteceria.
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“A gente sempre falou com ele que o momento dele iria chegar. E na Copa São Paulo houve esse processo de diálogo, de mostrar pra ele que esse era o momento da vida dele. Na partida contra o Athletico-PR ele iniciou de meia, passou pra primeiro volante e no final do jogo ele jogou aberto pelo lado. Com todo o mérito para o talento dele, a versatilidade, esse amadurecimento, a gente sabia que ele iria deslanchar”, revelou.
E deslanchou. Após a Copinha, chegou ao Flamengo em 2020. Tendo que se adaptar à nova realidade, em uma nova cidade, em um clube grande, a vontade de vencer teve que superar a timidez para que conquistasse seu espaço. Durante o ano foi se firmando como titular do Sub-20 e agora tem o Carioca para achar seu espaço no profissional.
Jogadores do Flamengo festejam o gol de Max na vitória sobre o Nova Iguaçu - Marcelo Cortes / Flamengo
Jogadores do Flamengo festejam o gol de Max na vitória sobre o Nova IguaçuMarcelo Cortes / Flamengo
Situação Contratual com o Flamengo
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Antes do Flamengo, Max havia despertado interesse de Bahia, Ceará, Fortaleza e até o rival carioca, Fluminense. Atualmente, o Rubro-Negro tem 60% dos direitos econômicos do atleta e o contrato vai até o fim de 2023.