Rio - De secador ligado e guarda-chuva aberto para se proteger das lágrimas dos rubro-negros. Assim, os torcedores do Vasco vão assistir à final entre Flamengo e Independiente. O fato de o título do rival levar o próprio time direto à fase de grupos da Libertadores de 2018 nem entra na conta. O que vale mais é a rivalidade.
Todos os vascaínos ouvidos pelo 'Ataque' nos arredores de São Januário afirmaram que vão torcer para os argentinos. "Ela vai me encher a paciência se ganhar. Vou secar mesmo", disse a dona de casa Patrícia Almeida, de 41 anos, apontando para a prima Estela Ferreira, de 30, autônoma, que, sem vacilar no seu fulminante olhar de reprovação, respondeu: "Vou lá na casa dela fazer chacota. Não vou deixar dormir."
Em meio à troca de provocações na vila onde moram, perto do estádio vascaíno, fica apostado: quem rir por último, ganha um açaí.
Enquanto assistem ao jogo pelo Mundial entre Grêmio e Pachuca, num bar em frente à entrada principal de São Januário, três amigos cruzmaltinos decretam: é impossível torcer para o Flamengo.
"Vou secar ao máximo. A pré-Libertadores é boa que dá mais emoção", afirmou o guardião Felipe Lima, 24 anos, que encontrou eco nas palavras do estudante Gabriel Pereira, 20 anos: "Prefiro disputar cinco mil pré-Libertadores. Se os caras forem campeões, vão querer me gastar."
Já Felipe Garcia, 30 anos, motorista, jura que nem vai perder tempo assistindo à decisão. Para ele, o cheirinho no ar é de tragédia: "Acho até que perdem o jogo. Já é tradição chorar em casa. Tomara que o Maraca esteja lotado. Junto com a chuva, as lágrimas vão alagar a Tijuca."