A decisão do Ministério da Saúde foi criticada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)Reprodução/Internet

Guapimirim – A Secretaria Municipal de Saúde de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, decidiu manter a vacinação contra o coronavírus (Sars-CoV2) em adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades. Como é de conhecimento público, o Ministério da Saúde suspendeu a imunização dessa população-alvo após a morte de uma jovem de 16 anos, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, depois de ter se vacinado.
A justificativa da Secretaria de Saúde de Guapimirim é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – responsável por aprovar vacinas e medicamentos – não proibiu a aplicação em adolescentes, mesmo estando subordinada ao Ministério da Saúde.
“Não vamos suspender a imunização em adolescentes, porque a Anvisa não se pronunciou contra. E temos um quantitativo muito pequeno de adolescentes que não foram vacinados ainda”, explicou a coordenadora de Vigilância em Saúde, Sabrina Santana, ao O Dia.
O Ministério da Saúde divulgou que poderá rever seu posicionamento após a conclusão da investigação sobre o óbito.
“A pasta (Ministério da Saúde) não recomenda, neste momento, a vacinação dos adolescentes que não apresentem algum fator de risco. A orientação é baseada, entre outros fatores, em evidências científicas que consideram o baixo risco de óbitos ou casos mais graves da Covid-19 neste público. Entre os adolescentes, de 15 a 19 anos, que morreram por Covid-19, 70% tinham pelo menos um fator de risco. Entre os mais de 20 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 3,4% têm alguma comorbidade, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Esse número representa cerca de 600 mil jovens nesta faixa-etária”, disse o ministério em nota.
Do último dia 25 de agosto até o dia 15 de setembro, 4.292 adolescentes com e sem comorbidades já receberam a primeira dose da vacina da Pfizer, em Guapimirim.
O Ministério da Saúde reforça a interrupção das vacinas em adolescentes com base numa recomendação adotada pelo Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCIV, na sigla em inglês) do Reino Unido.
O único imunizante aprovado pela Anvisa para adolescentes é o Comirnaty, dos laboratórios Pfizer/BioNTech. Existem suspeitas de que a vacina pode provocar miocardite – inflamação no coração – em jovens de 16 a 24 anos.
A decisão do Ministério da Saúde foi criticada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e pela Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm).