Guapimirim – As policiais femininas da 67ª DP (Guapimirim), conhecidas como ‘Meninas Superpoderosas’, foram responsáveis por 27 prisões em 2021 envolvendo casos de violência doméstica e sexual contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos em Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Elas são seis, amam o seu trabalho e dedicam a vida à proteção de vítimas de delitos previstos na Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340/2006 – e ao enfrentamento da criminalidade de modo geral. Para o Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje (8/3), O Dia conversou com essas agentes para conhecer um pouco do dia a dia delas e como surgiu o apelido.
No desenho animado, as ‘Meninas Superpoderosas’ ajudam a proteger a fictícia cidade de Townsville. Já em Guapimirim, elas são reais, de carne e osso, e ajudam a tirar das ruas agressores, estupradores, assassinos e criminosos de todos os tipos. O elemento X delas é composto por força, coragem e vontade de proteger as vítimas de seus algozes. E seus superpoderes são a Constituição, o Código Penal (Lei nº 2.848/1940), a Lei Maria da Penha e os mandados judiciais que devem cumprir para a proteção das vítimas.
O apelido ‘Meninas Superpoderosas’ surgiu na internet, depois que o delegado Antonio Silvino Teixeira assumiu a 67ª DP em janeiro de 2021. Desde o início de sua gestão, a captura de suspeitos e/ou acusados por crimes relacionados à Lei Maria da Penha passou a ser feita principalmente por agentes femininas. Nessa unidade policial, elas não são coadjuvante, e sim protagonistas.
“Acho que foi naturalmente [que surgiu o nome ‘Meninas Superpoderosas’]. A gente tem um projeto que prioriza os registros que são da Lei Maria da Penha, e o doutor [Silvino] preferiu que essas prisões e medidas cautelares preteridas pela Lei Maria da Penha fossem realizadas por policiais femininas. Desde que a gente veio para cá, foi assim. E isso tem a cara do delegado. Com o tempo, as pessoas passaram a nos chamar de ‘Meninas Superpoderosas’”, contou a inspetora Andressa à reportagem.
O sucesso no cumprimento de mandados judiciais e/ou de prisões em flagrante tem garantido a 67ª DP (Guapimirim) a primeira ou segunda colocação no ranking de produtividade entre as delegacias de pequeno porte – com até 200 registros de ocorrência por mês – da Baixada Fluminense. A meta estabelecida para o terceiro trimestre de 2021 era de apenas 65 pontos, contudo a unidade policial logrou 220,70 pontos, 339,54% a mais do que o estipulado.
No ranking de produtividade operacional anual, em 2021, a 67ª DP (Guapimirim) também tomou a dianteira em relação às demais delegacias de pequeno porte da Baixada Fluminense.
Indagadas sobre o impacto psicológico que causam nos homens acusados de crimes de violência doméstica, as ‘Meninas Superpoderosas’ fizeram questão de destacar que a prisão feita por agentes femininas têm o intuito de acolhimento às vítimas, de mostrar que não estão desamparadas e que elas podem confiar nelas para denunciar seus algozes. Uma mulher se sente mais à vontade com outra para relatar as violações e violências sofridas.
“Existe todo um trabalho de acolhimento que a gente faz. Não é só a questão da prisão. E também tem o trabalho de acolhimento às crianças, porque não são só as mulheres que são vítimas. Temos aqui um projeto de autoria da [inspetora] Michelle Christian com as crianças”, continuou a inspetora Andressa.
Quando as vítimas chegam a 67ª DP (Guapimirim), elas podem ser recebidas tanto por agentes femininas quanto masculinos e podem deixar os filhos pequenos num espaço recreativo idealizado no ano passado pela inspetora Michelle Christian, que já foi professora. Desse modo, as mulheres vítimas de violência podem depor com mais tranquilidade, e isso também otimiza o tempo. O Dia divulgou em primeira mão esse novo ambiente de entretenimento infantil. Não são todas as delegacias que dispõem dessa área interativa para as crianças desenharem.
A pandemia de coronavírus (Covid-19) no Brasil fez com que as ‘Meninas Superpoderosas’ de Guapimirim atuassem mais para proteger mulheres, menores de idade e idosos, tendo em vista que medidas sanitárias como distanciamento e isolamento social contribuíram para que as vítimas passassem mais tempo em casa com seus agressores.
O Dia também perguntou por que elas quiseram se tornar policiais. Todas foram unânimes em falar da alegria do trabalho que realizam em defesa de quem precisar e encorajaram outras mulheres que queiram seguir a carreira policial.
As ‘Meninas Superpoderosas’ de Guapimirim ajudam a romper o paradigma do gênero frágil e reforçam cada vez mais o protagonismo da mulher na sociedade e, sim, que elas podem ser o que quiserem: policiais, professoras, cozinheiras, médicas, engenheiras etc.
Para um país cuja sociedade ainda é patriarcal e machista, todo dia é 8 de março.
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