Imagem ilustrativa de comprimidosMichal Jarmoluk - Pixabay - Creative Commons

Guapimirim – Pacientes de Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e de todo o Brasil que tomam Losartana Potássica para tratar de hipertensão arterial (pressão alta) precisam ficar atentos: a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, nessa quinta-feira (23/6) o recolhimento de lotes de oito laboratórios, pois os medicamentos em questão apresentaram a impureza azido. Os fabricantes são: Aché, Biolab, Brainfarma (Neoquímica), Cimed, Eurofarma, Geolab, Prati-Donaduzzi e Teuto.
A retirada dos lotes afetados se trata de uma medida preventiva. A impureza azido foi encontra em menor quantidade em todos os oito fabricantes listados, no entanto, alguns lotes da Geolab apresentaram concentração ‘acima do permitido’.
As impurezas foram encontradas no insumo farmacêutico ativo (IFA) em setembro de 2021, e desde então a agência reguladora tem monitorado o caso junto às empresas responsáveis pela fabricação. A longo prazo, esse tipo de substância pode causar efeitos mutagênicos. Outros países já haviam adotado medida similar de proibição da Losartana Potássica: Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, Portugal, República Tcheca e Singapura.
O IFA é o ingrediente principal para a formulação de medicamentos e de vacinas, podendo ser adquirido no mercado nacional ou importado.
Ainda, segundo a agência sanitária brasileira, os pacientes que estiverem fazendo uso de algum dos lotes comprometidos devem continuar o tratamento normalmente e consultarem um médico para avaliar alternativas.
“Deixar de tomar o medicamento pode trazer mais riscos para a saúde do paciente; somente troque de medicamento quando já tiver o novo lote em mãos, pois a interrupção do tratamento da hipertensão arterial e da insuficiência cardíaca pode produzir maiores malefícios, inclusive risco de morte por derrame, ataques cardíacos e piora da insuficiência cardíaca”, enfatizou a Anvisa.
Os pacientes também podem contatar o laboratório responsável para se informar como proceder a troca dos lotes dos comprimidos.
A decisão da Anvisa foi tomada após reunião com os fabricantes citados, com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Os laboratórios em questão terão um prazo de até 120 dias, contando de ontem (23), para recolher de farmácias e drogarias os lotes comprometidos.
Embora sejam inúmeros lotes afetados, não são todos. O DIA conversou com uma bancária, moradora do Rio, de 58 anos. Ela contou que já toma Losartana Potássica há 15 anos. À reportagem, ela mostrou a foto de uma caixa do medicamento da Brainfarma (Neo Química), fabricado em janeiro deste ano, cujo lote não está listado entre os proibidos.
Para ver a lista dos lotes suspensos com presença de azido, clique aqui.
E para ver a lista dos lotes com azido acima do limite, também suspensos, clique aqui.
Losartana Potássica passa por ‘recall’ voluntário
Em março deste ano, os laboratórios Medley e Sanofi promoveram um ‘recall’ voluntário e preventivo após detectarem a presença de nitrosaminas em lotes de Losartana Potássica nas formas simples e/ou composta. Na ocasião, as empresas informaram à Anvisa sobre a decisão.
As nitrosaminas costumam ser encontradas na água, em vegetais, laticínios, além de alimentos grelhados e defumados. Dentro dos limites tolerados, representam baixo risco de danos à saúde. Mas em altas doses pode aumentar o risco de câncer, distúrbios de fertilidade e/ou anomalias congênitas.
Em 2018, agências reguladoras de medicamentos de todo o mundo foram informadas sobre a presença de nitrosaminas em limites acima do permitido em remédios da classe “sartanas”, como Losartana Potássica e Valsartana.
Por conta disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a inspecionar 30 empresas fabricantes de medicamentos do tipo “sartanas”, em 2019. Desde então, foram feitas interdições, suspensões e até o recolhimento de remédios.
Em 2019, por exemplo, a FDA, a agência de Alimentos e de Medicamentos dos Estados Unidos, anunciou que remédios à base de Losartana Potássica estavam sendo recolhidos devido ao risco de nitrosaminas.