Momento em que 'Cachoeira' é preso no Complexo do Chapadão, no RioDivulgação

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Foi preso na manhã desta quarta-feira (16/11) Carlos Alberto de Assis Farias – vulgo ‘Cachoeira’ –, de 32 anos. Ele é o atual chefe do tráfico de drogas no Complexo do Chapadão, na Pavuna, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, e já comandou o narcotráfico na Cidade Alta, em Cordovil, bairro da mesma região carioca. A captura é fruto de uma operação conjunta entre policiais civis da 67ª DP (Guapimirim) e da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) em cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital pelos crimes de homicídio e destruição de cadáver.
O mandado de captura é datado de 3 de setembro de 2019. Desde então, ‘Cachoeira’ esteve foragido da Justiça. No momento da prisão, o criminoso estava no Complexo do Chapadão. A operação aconteceu sem que nenhum tiro fosse disparado. Ele foi levado para a Cidade da Polícia, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio.
O mandado de prisão que resultou na prisão do traficante se refere à acusação de que ele havia determinado a tortura, o homicídio e a ocultação de um ‘olheiro’ do tráfico de drogas a ele subordinado em dezembro de 2015, na Cidade Alta. O integrante, cujo nome não foi divulgado, não teria avisado aos comparsas sobre a entrada de policiais na comunidade durante uma operação, que culminou na prisão de traficantes e na morte de um deles.
No tráfico de drogas, o ‘olheiro’ é uma espécie de vigia. Ele informa tudo o que acontece dentro da favela para seus superiores, principalmente da chegada da polícia à localidade, de modo que consigam contra-atacar ou até mesmo fugir.
“Essa foi uma importante operação realizada numa parceria entre a 67ª DP e a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis no combate à criminalidade. O fato de estarmos em Guapimirim não nos limita territorialmente em nosso dever. A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro vai aonde for preciso para fazer valer a lei e cumprir com determinação judicial”, comentou ao DIA o delegado Antonio Silvino Teixeira, titular da 67ª DP (Guapimirim).
Histórico criminal
O traficante ‘Cachoeira’ tem uma longa ficha criminal.
Em 2008, respondeu pelo crime de tráfico de drogas, cuja pena foi cumprida.
Em 2013, foi acusado de tentativa de homicídio contra policiais militares.
‘Cachoeira’ também foi denunciado pelos delitos de homicídio e ocultação de cadáver de um subordinado em 2015, porque este não alertou sobre o ingresso de policiais na Cidade Alta, conforme narrado nesta reportagem. A descoberta sobre a autoria do crime se deve à investigação feita pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA).
Carlos Alberto de Assis Farias também foi acusado de porte de arma e formação de quadrilha, o que resultou na invasão à Cidade Alta, em 2017.
Tramita na DRFA uma investigação contra ‘Cachoeira’ pelos crimes de tráfico de drogas e corrupção ativa, cujos fatos são de 2017.
É importante mencionar como ‘Cachoeira’ assumiu o comando do narcotráfico na Cidade Alta, em Cordovil. Isso foi em maio de 2015, após ter torturado, matado e ocultado o cadáver de Rômulo da Silva Pereira – conhecido como ‘Tapinha’ –, então chefe do tráfico dessa comunidade. O assassinato foi ordenado pelo ‘Tribunal do Tráfico’, por suspeitar que ‘Tapinha’ estivesse trocando de facção criminosa.
Em maio de 2017, quando a Cidade Alta estava em poder de uma facção rival, ‘Cachoeira’ comandou uma invasão de traficantes na localidade para tentar retomar o controle. O clima de guerra fez com que a Polícia Militar interviesse. Na ocasião, foram presos 25 criminosos, inclusive ‘Cachoeira’, e também apreendidos 17 fuzis, 11 granadas, uma pistola e uma grande quantidade de munição.
Carlos Alberto esteve preso por tráfico de drogas entre maio de 2008 a fevereiro de 2012. Ele também ficou na cadeira de maio de 2017 a março de 2019 por conta da invasão à Cidade Alta.
Depois que foi solto em março de 2019, ‘Cachoeira’ passou a chefiar o narcotráfico numa localidade conhecida como ‘Bomba’, no Morro do Chapadão, na Pavuna. As investigações que ocasionaram sua mais recente prisão mostram que ele costumava passar dias na Rocinha, favela situada na Zona Sul da capital fluminense, e que ele recebia abrigo de bandidos da mesma organização criminosa.