A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT/RJ), Cirlene Zimmermann, foi convidada pelo presidente Cesinha (Pros)Divulgação/Ivana Gravina

Macaé - Pautas importantes para a sociedade foram debatidas no Grande Expediente da sessão da última quarta-feira (20), na Câmara Municipal de Macaé. Na ocasião, a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT/RJ), Cirlene Zimmermann, chamou a atenção para o “Abril Verde”, mês de conscientização e prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, transformado em lei municipal em 2019.
Ela foi convidada pelo presidente Cesinha (Pros) a falar sobre prevenção de acidentes, erradicação do trabalho infantil e inclusão da Pessoa com Deficiência (PcD). O convite veio a partir do pedido do ex-vereador Maxwell Vaz, que solicitou a entrega do título de cidadania à representante do MPT/RJ no plenário da Câmara. Aprovada em 2020 (quando Maxwell ainda exercia o mandato), a homenagem não pôde ser entregue na ocasião devido às restrições da pandemia.
Abril Verde
Apesar da Lei 138/2019 prever a realização de campanhas de conscientização e prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, além da iluminação dos prédios públicos - ambos no mês de abril -, Cirlene observou que tais ações não estão sendo realizadas.
Ela também alertou para a necessidade de intensificar o combate ao trabalho infantil no pós-pandemia. “Nesse contexto de retirada de direitos, precarização do trabalho e aumento da desigualdade social, precisamos ainda mais promover a aprendizagem e a inclusão de jovens, Pessoas com Deficiência (PcD) e fazer frente à evasão escolar”, argumentou.
O Movimento Abril Verde está relacionado a duas outras datas: o Dia Mundial da Saúde (7 de abril) e o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho (28 de abril).
Zimmermann aproveitou para relembrar acidentes ocorridos na região, que fez vítimas na indústria do petróleo e gás e serviu para mudar as exigências com relação à segurança e proteção do trabalhador e a própria legislação. “As indenizações pagas pelas empresas custearam a realização de milhares de testes de Covid, realizados pelo Nupem/UFRJ, e estão sendo usadas para financiar a qualificação de PcD”.
Outro destino para esses recursos é a realização de pesquisas científicas que buscam a cura de doenças que afetam esses trabalhadores. “Como as que estão sendo realizadas pela Fiocruz e o Inca”, informou a procuradora.
Educar para prevenir acidentes
A representante do MPT/RJ relata que em muitos casos o trabalhador sequer tem conhecimento do seu direito de recusa quando colocado em situação de risco. “Acredito que esse é o caminho para promovermos uma mudança de consciência. Só conseguiremos prevenção com educação”. Pensando nisso, o MPT iniciou um projeto de segurança e saúde nas escolas para levar qualificação para os professores e conhecimento para os estudantes.
Vagas para aprendizes
Ainda segundo a procuradora, atualmente Macaé tem mais de mil vagas para aprendizes não preenchidas, sem contar PcD. Sobre as empresas que optam por não oferecer tais vagas, ignorando a legislação vigente, Cirlene relata que o MPT vem ajuizando ações para impedir tais danos à coletividade. O dinheiro recebido por meio de ações judiciais é investido em qualificação para essas categorias.
Sesmt desestruturado
Outro apontamento realizado por Zimmermann é que o Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), que atende os servidores públicos municipais, não está devidamente estruturado. “Não há engenheiros para realizar esse trabalho lá e garantir ao servidor o exercício de suas funções de forma segura”, disse.
O vereador Edson Chiquini aproveitou para perguntar sobre o motivo de não haver fiscalização das condições de trabalho nas repartições públicas. A procuradora reconheceu a deficiência na fiscalização e justificou que são apenas dois procuradores para atender 13 municípios.
Guto Garcia (PDT), Iza Vicente (Rede), Amaro (PRTB) e Cesinha discursaram em apoio às ações do MPT/RJ.