Millena Roque recebe a primeira dose da vacina no quilombo Maria Conga
Millena Roque recebe a primeira dose da vacina no quilombo Maria Conga Gilson Jr.
Por O Dia
Magé- Uma das mais antigas comunidades quilombolas do Estado do Rio, a Maria Conga, em Magé, está recebendo durante esta semana a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Segundo a secretaria municipal de Saúde de Magé, um cadastro preliminar indicou que 1.250 quilombolas acima de 18 anos estão aptos a iniciar o processo de imunização. Apenas gestantes e mulheres que estejam amamentando têm contra-indicações e devem evitar a vacina.
O coordenador Técnico de Vigilância em Saúde da Secretaria, Darlan Nery dos Santos cresceu nos arredores do quilombo e conta que reconheceu antigos amigos na fila da vacinação. “Cientificamente, não há nenhuma diferença entre os quilombolas e uma pessoa qualquer. Mas, socialmente, a aplicação prioritária da vacina é uma conquista muito importante”, disse.
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Foi o caso de mãe e filha que, nesta terça-feira (13/04), aguardavam na fila o atendimento. “Eu estava me sentindo muito desanimada, acreditando que esta vacina não chegaria aqui tão rápido. Hoje, eu, como mulher negra, me sinto privilegiada por participar dessa conquista das comunidades quilombolas”, contou a dona de casa Millena da Silva Roque de 35 anos.
Sua mãe, a segurança Telma Lúcia Diniz, 59, teve Covid no início do ano e precisou ficar 27 dias internada no CTI. “É uma felicidade grande tomar essa vacina depois de tudo que eu sofri”.
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Direito garantido
A Prefeitura de Magé já levou o serviço itinerante de vacinação para as outras duas comunidades quilombolas do município: a Feital e a Kilombá. Vice-presidente da Associação das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio (Acquilerj), Ana Beatriz Nunes, que costuma acompanhar as ações de vacinação em todo o estado, revelou que há 48 quilombos registrados em todo o território fluminense. Ela explicou que as comunidades quilombolas chegaram a ter o direito prioritário à vacinação retirado do Plano Nacional, mas que isso foi revertido graças à luta do movimento negro. “Tem muita gente que acha é um privilégio. Não é. Os quilombos, são, em sua maioria, distantes dos centros das cidades, o que dificulta a ida dos moradores aos postos”, lembrou.