Técnico do Maricá FC que disputa na próxima terça-feira (1/3) a Copa do Brasil, contra o Guarani de São Paulo, é de Niterói.Divulgação

Coutinho, Douglas Luiz, Paulinho e Souza. O que esses nomes tem em comum, além de serem ex-jogadores do Vasco: eles exaltaram Marcus Alexandre Cravo, técnico do Maricá na Copa do Brasil, que é nascido e criado em Niterói, e que agora ganha mais visibilidade nacional.

Um dos candidatos à zebra na primeira fase da Copa do Brasil é o Maricá, do Rio de Janeiro, que participará da competição pela primeira vez. Com a missão de surpreender e eliminar o tradicional Guarani (SP) na próxima terça-feira (1/3), a equipe terá como um dos seus trunfos o técnico Marcus Alexandre Cravo, de 49 anos, que está no cargo desde 2019 e também possui forte ligação com o Vasco, além de ser nascido, criado e morador da cidade fluminense.

Contando todos os 90 treinadores do torneio, Marcus é o terceiro há mais tempo no cargo - só fica atrás dos colegas de profissão de Real Noroeste-ES e São Raimundo-RR. Dentre os principais feitos pelo Maricá estão dois acessos nas divisões intermediárias do Campeonato Carioca, além do vice-campeonato da Copa Rio em 2021 - que assegurou participação na Copa do Brasil.

A trajetória de Marcus Alexandre Cravo no futebol é feita de trabalhos sólidos, como os 19 anos de trabalho nas categorias de base do Vasco. Títulos foram alcançados, mas o principal feito foi ter colaborado decisivamente na formação de nomes que ganharam o mundo como Philippe Coutinho, Alex Teixeira, Douglas Luiz, Paulinho, Souza, Luan Garcia, dentre outros que saíram do Cruzmaltino e se consolidaram como atletas de alto nível.

- A sequência de trabalho faz o treinador evoluir. Quanto mais anos você fica, mais sólido é o trabalho. No Maricá o planejamento vem lá de trás e o objetivo é chegar na primeira divisão do Campeonato Carioca e também num campeonato nacional. Conseguimos a Copa do Brasil e é uma marca que eu comemoro - explicou Marcus, que projeta voos ainda mais altos neste ano.

- Temos condições de eliminar o Guarani e avançar na Copa do Brasil. O Maricá tem o objetivo de estar entre os principais clubes do Rio. Se for o melhor ano da vida do Maricá, consequentemente será meu melhor ano também - concluiu o técnico.

Ex-atletas apontam qualidades e lembram boas passagens

As trajetórias de Marcus Alexandre Cravo e Vasco se confundem. O trabalho de sucesso do treinador em quase duas décadas no Gigante da Colina é comprovado pelos próprios pupilos. Espalhados por diversas partes do mundo, eles não poupam elogios ao ex-comandante.

A lista dos que passaram pelas mãos do treinador conta com nomes de Seleção Brasileira, como Philippe Coutinho e Douglas Luiz. Tem também o atacante Paulinho, uma das grandes revelações recentes do Vasco. Luan, bicampeão da Libertadores, é outro que integra o grupo, que ainda possui jogadores como Souza, Paulo Vitor, Ricardo Graça e Bruno Gallo. Todos toparam falar um pouco sobre as experiências vividas ao lado de Marcus Alexandre.

Confira os depoimentos:

Philippe Coutinho (atualmente no Aston Villa-ING)

- Sempre tive grande admiração, respeito e gratidão pelo tempo em que trabalhamos juntos na base do Vasco. Eu estava crescendo, me desenvolvendo e ele com certeza foi muito importante na caminhada. Sempre foi muito sério cobrando os jogadores a fazer o melhor, assim como também era um cara aberto a nos passar informação e aprendizado. Comigo não foi diferente. Conhece muito do futebol, nos mínimos detalhes. Tenho gratidão enorme. Queria deixar meu apoio e torcida para ele fazer um grande trabalho. Que seja uma boa estreia e uma boa trajetória em toda Copa do Brasil - ressaltou Coutinho.

Paulinho (atualmente no Bayer Leverkusen-ALE)

- O Marcus é um cara que marcou muito na minha base por conta de ser o treinador com o qual mais venci e ganhei campeonatos. Sempre me deu muita moral. Desde muito novo ele confiava no meu potencial, a ponto de me puxar para o sub-17 que ele comandava à época, mesmo eu sendo sub-15 ainda. Ele foi muito importante na minha formação também na transição entre sub-20 e profissional. Tenho muita gratidão - comentou o jogador.

Douglas Luiz (Aston Villa-ING)

- O Marcus Alexandre é um treinador que fez parte da minha vida, do início da minha carreira, me ajudando e pegando muito no meu pé. Só tenho a agradecer. Tem uma personalidade muito grande e sempre esteve ali para me elogiar ou cobrar no momento certo. Foi onde virou uma chave na cabeça para treinar mais forte e estar mais preparado para os jogos. Agradeço muito por tudo e desejo muita sorte nessa estreia na Copa do Brasil - disse Douglas.

Já Luan Garcia (atualmente no Palmeiras) destacou a liderança de Marcus.
- Ele sabe passar o recado de forma simples através de suas ideias. Trabalhei com ele quando tinha 14 para 15 anos e aprendi muito sobre gestuais técnicos, sobre como me comportar em determinadas áreas do campo. Mais que tudo isso, me ensinou princípios de um bom ser humano. Ele lidera pelo seu exemplo e vontade incessante de ganhar. É um treinador viciado em vitórias. Se hoje tenho sucesso na minha profissão ele com certeza faz parte disso - realçou Luan.

Souza (atualmente no Besiktas-TUR)

- Na base foi o meu melhor professor, sem sombra de dúvidas. Me ensinou muita coisa. Sempre foi excepcional em ensinar como controlar a bola, como dominar, em como jogar e se preparar para um dia ser profissional. Creio que também marcou a vida de muitos outros jogadores como o Alan Kardec, o Alex Teixeira, o Coutinho, que aprenderam muito com ele. Estou muito feliz em ver o Marcus trilhando a carreira no profissional. Espero muito vê-lo um dia nos grandes cenários. Ele é viciado em futebol. Desejo toda sorte a ele nesse início de caminhada na Copa do Brasil - disse Souza.

Para Alan Kardec (passagens por grandes clubes de Brasil, Portugal e China) o momento lhe traz boas recordações. 

- Me lembro que quando era mais novo, entre 14 e 15 anos, os comentários eram muito positivos em relação ao entendimento de jogo dos Marcus Alexandre. Tudo que ele dizia acontecia no jogo. Entre os garotos ficávamos comentando sobre isso. Tanto eu quanto outros meninos temos referências muitos positivas. Foi um privilégio e um aprçendizado grande. Foi um dos pilares da minha formação - recordou Kardec.


Atualmente no Real Valladolid-ESP, Paulo Vitor disse que é gratificante falar do Marcus.
- É um treinador verdadeiro, honesto, que entende muito de futebol. Me recordo muito bem que tudo que treinávamos nos trabalhos prévios aos jogos, defensivamente e ofensivamente, acabava acontecendo. Ele nos mostrava falhas dos rivais para atacarmos e fazermos os gols. Foi um treinador que sempre acreditou em mim e me ajudou no processo de transição entre sub-17 e sub-20. Me deu confiança e me ajudou no processo de desenvolvimento pessoal e profissional - falou Vitor.


Ele acrescentou um acontecimento:
- Quando eu jogava de extremo, onde eu entendia que era um jogador muito bom. Ele decidiu me colocar de "falso 9" e me deu segurança na função. Eu comprei a ideia e tudo que fazia dava certo. E me torneio artilheiro sub-17 do Carioca, da Copa do Brasil e no Brasileiro. Quando ele assumiu o sub-20, trabalhamos juntos outra vez. E fui artilheiro de todos os campeonatos novamente, indo até para a Seleção Brasileira. Foi quando me firmei e cheguei aos profissionais do Vasco. Tenho gratidão e sinto saudades. Espero um dia trabalhar com ele novamente - disse Vitor

Ricardo Graça (atualmente no Júbilo Iwata-JAP) e outro chegado ao treinador. 

- O Marcus sempre foi um treinador brincalhão e resenha, mas na hora do trabalho sempre foi muito sério. Quando a gente trabalhou junto no sub-20, ganhamos três títulos e só não ganhamos mais por fatalidade. Nosso time era muito organizado taticamente, todo mundo sabia da sua função e, o mais importante: todo mundo corria e se ajudava. Sempre fomos cobrados, mas tínhamos total liberdade para jogar. Ele nos deu confiança para tentarmos coisas diferentes, mas sempre com responsabilidade sem prejudicar o time. Então foi muito bom ter trabalhado com o Marcus no meu ano final do sub-20. Me deu bastante evolução e confiança na hora de subir ao profissional - comentou Graça.

Já Bruno Gallo (atualmente no Volta Redonda) disse que foi o Marcus que o levou para o Vasco. 
- Me abriu as portas no futebol. Tenho muitas lembranças boas dele. É um treinador que sabe gerir um grupo muito bem, algo que é difícil. Todos os jogadores gostavam muito do trabalho dele. O Marcus sabia potencializar ao máximo a qualidade de cada um. Tem uma leitura tática muito boa. Lembro de passagens em que íamos para o intervalo perdendo ou empatando e ele nos dava o caminho para vencer. Chegava no segundo tempo e acontecia justamente o que ele tinha falado para a gente. Aprendi muito como pessoa e também na parte do futebol - elogiou Gallo.