Os enfermeiros da UFF cada vez mais desenvolvem práticas educativas de simulação, capazes de se aproximarem da realidade preservando a segurança do paciente.Divulgação UFF
As principais atividades do laboratório compreendem desde o treinamento de habilidades técnicas até a participação efetiva nos cenários de simulação realística, capazes de mimetizar situações clínicas da vida real. Para isso, utilizam-se simuladores de alta performance que interagem com os discentes, reproduzem sensações, comunicam-se por meio dos dispositivos tecnológicos, permitindo ao estudante o desenvolvimento cognitivo, de habilidades clínicas atitudinais e psicomotoras em um ambiente seguro e controlado.
Os professores destacam que esses simuladores de alta fidelidade, que são manequins de corpo inteiro, anatômico e fisiologicamente semelhantes a uma pessoa, foram desenvolvidos inicialmente para o treino na área de anestesia, e, atualmente, têm sido usados na formação de diversos profissionais de saúde. “Possuem movimentos respiratórios, piscam os olhos, permitem a avaliação de diversos parâmetros vitais, a ausculta de sons respiratórios, cardíacos e intestinais e, ainda, a avaliação de alguns dados na pele, como o tempo de perfusão capilar, cianose, diaforese e outros”, explicou Enéas Rangel Teixeira.
O aluno Fellipe Rangel do 10º período de enfermagem falou do laboratório. "Antes de ir ‘para a vida real’, podemos treinar ao utilizar o boneco. Ele vai estar dentro de um ambiente de enfermaria ou terapia intensiva o mais fidedigno possível, com equipamentos, leito, cama, soro, monitor. Não lidamos com o boneco como se ele fosse apenas um objeto, mas como se ali houvesse uma vida”, ressaltou Rangel.
Além disso, eles acrescentam que seu funcionamento é gerido por um computador. “Com um software que permite respostas fisiológicas extremamente realistas às intervenções realizadas e com variação em função da idade e da condição de saúde previamente definidas. A metodologia da simulação permite que os alunos pratiquem e corrijam seus erros frente a situações do cotidiano, sem riscos para o paciente e a eles próprios”, disse o professor Rodrigo Hipólito que foi além e ressaltou que os estudantes são os verdadeiros protagonistas do laboratório. "Estão inseridos em todas as atividades, além de participarem dos projetos de iniciação científica e monitorias", concluiu o professor.
O graduando do 9º período de enfermagem Davi Cavalcanti, que atua como monitor da disciplina “Fundamentos de Enfermagem IV”, explicou que o laboratório estimula o raciocínio clínico, trazendo cenários mais próximos da realidade e desafiando os alunos a resgatarem os conhecimentos construídos durante a formação. "Especificamente na disciplina de que sou monitor, ajudo os professores a avaliar a simulação observando o que está certo e o que pode ser melhorado no desempenho assistido. Ao mesmo tempo, como aluno e graduando aprendo junto”, pontuou Cavalcanti.
Já o estudante Fillipe Rangel, do 10º de enfermagem, participa do laboratório desenvolvendo um trabalho de conclusão de curso sobre a construção de cenários de simulação clínica para a identificação de sepse via acesso venoso. Através desse trabalho, segundo o aluno, capacita-se o discente, ou até o mesmo o profissional já formado, a identificar, através de alguns sinais, quadros clínicos específicos.
A percepção de Fillipe sobre o laboratório é reforçada por outros dois alunos do curso de enfermagem que também frequentam o espaço ao longo da semana como parte de disciplinas práticas que cursam. Segundo a aluna Júlia Pereira Aiello, do 6º período, essa experiência tem colaborado para que ela tenha mais segurança na realização dos procedimentos: “para aperfeiçoar a minha técnica, para analisar os casos clínicos de uma ótica diferente porque a cada simulação é um perfil de paciente diferente, informações distintas. Então, dessa forma, consigo aprender e rever os meus erros, aprendendo com eles”, comentou Aiello.
Já Natan Duarte de Oliveira, aluno do 5º período, afirma que frequentar o laboratório ajuda a colocar em prática tudo o que é aprendido ao longo da faculdade: “técnicas, procedimentos, comunicação, comportamento, análise, entre outras coisas, tudo de maneira bem realística. E por ser um laboratório e não um hospital de verdade, temos o fator ‘ensino sem risco’. Nossos erros não trazem risco a nenhum paciente real, apenas aprendizado para os alunos”.
Por fim, Fillipe ressaltou que o laboratório pode ser utilizado não apenas para a parte clínica, mas para outros propósitos, como capacitar o aluno a exercitar liderança e decisão, e exercer o raciocínio clínico, para saber o que fazer com o paciente. “A simulação tem sido utilizada nas universidades mais modernas. É o início de uma nova história para a nossa escola de enfermagem, trazendo a valorização e a capacitação desses profissionais que são tão importantes”, finalizou o estudante.
Conforme o estabelecimento de ensino, o Laboratório de Simulação Clínica e Habilidades é uma das iniciativas da universidade de inovação em saúde, segmento de relevância global que ganhou ainda mais espaço na pandemia de Covid-19. "É uma das áreas estratégicas mais promissoras da Universidade", concluiu a UFF no texto.
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