O vice-presidente do Sinaval, Sérgio Bacci, ao lado do deputado André Ceciliano (PT), pré-candidato ao Senado pelo Rio. Divulgação

O deputado André Ceciliano (PT), pré-candidato ao Senado pelo Rio, se reuniu com 15 empresários da indústria naval em uma churrascaria em Niterói na tarde da última quarta (20). O encontro foi promovido pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval). O sindicato vai produzir um documento com as demandas do setor, a ser entregue ao pré-candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, através do deputado André Ceciliano.

Segundo as informações, as demandas do setor vão desde a revisão tributária, a desburocratização de licenças ambientais e a liberação de recursos públicos para investimentos em empresas nacionais.
“Queremos gerar novos empregos, gerar novas oportunidades e o Rio de Janeiro precisa de um senador atento a essas demandas. Tenho certeza que o André, sendo eleito, vai ser o senador da indústria naval no Congresso Nacional. Ele tem o meu voto e da minha família e tenho certeza que de muitas pessoas que participaram dessa conversa”, comentou o vice-presidente do Sinaval, Sérgio Bacci.

Uma das iniciativas citadas por Ceciliano para aplicar investimentos no setor é o Fundo Soberano, criado por ele para fazer investimentos estruturantes, ou seja, investimentos que possam induzir novos investimentos, fortalecendo toda a estrutura produtiva do Rio de Janeiro. O fundo foi inaugurado em 2022 com R$ 2,1 bilhões aplicados e deve acumular, até 2023, mais de R$ 5 bilhões em caixa.


“Nada melhor que a indústria naval para gerar investimentos estruturantes. Não há dúvidas que investindo nesse setor, a gente recupera o emprego no estado como um todo”, comentou Ceciliano. Ele foi além e disse incentivar a articulação dos empresários com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento para promover o aporte dos recursos.

Meio ambiente - Um dos pontos levantados foi a desburocratização para a concessão de licenciamento ambiental aos projetos do setor. “O tempo do licenciamento não é o mesmo da operadora. Com a demora, a sinergia é perdida e a operadora vai para outra localidade”, comentou Gisela Mac Laren, da Mac Laren Oil Estaleiros.

Em resposta, Ceciliano se colocou à disposição para articular as lideranças navais com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e o Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEA). Uma das possibilidades apresentadas é promover, assim como foi feito em 1999, uma auditoria de todos os empreendimentos que precisam do licenciamento para que, assim, a autorização seja concedida de forma mais célere.

Outro ponto abordado no encontro foi o “cemitério de navios” que se transformou a Baía de Guanabara, que hoje conta com mais de 70 embarcações em desuso. “Há muita coisa a ser feita, o estado tem parque industrial, tem uma boa engenharia. A baía tá cheia de equipamento boiando e poluindo, mas falta uma engenharia financeira e jurídica para isso. Ali tem obra para mais de 10 anos”, comentou Alexandre Kloh, diretor-geral da Mac Laren Oil Estaleiros. Em resposta, Ceciliano defendeu uma articulação com o Tribunal de Justiça do Estado, já que parte dos empreendimentos faliu e conta com ações judiciais.

O almoço também contou com a participação de representantes das seguintes empresas: WM Estaleiros, Estaleiro Mauá, Renave, FRAMO, Camorim Rebocadores, Aliança Navegação, Nitshoe/Dock Shore, UTC international, DOCK Brasil, Estaleiro São Miguel, Engepar e EBSE/MPE.

Também participaram do encontro o economista Mauro Osório, professor da UFRJ e diretor da Assessoria Fiscal da Alerj, e Magda Chambriard, que já esteve à frente da Agência Nacional do Petróleo e hoje compõe a Assessoria Fiscal, onde tem produzido estudos sobre a Economia do Mar no Rio de Janeiro.

Geração de empregos e produção de petróleo

A indústria naval, que chegou a ter mais de 80 mil empregos no país em 2014, vem enfrentando uma queda sucessiva de postos de trabalho. Em 2021, o setor contava com apenas 20 mil funcionários, ¼ do que já chegou a empregar. Ceciliano comentou que um dos pontos estratégicos para o setor ainda é a produção de petróleo, que deve crescer ainda mais nos próximos anos. Para ele, é essencial que as embarcações da Petrobras voltem a usar os estaleiros do estado para manutenção.

Ceciliano também comentou que, desde a descoberta do pré-sal, o custo e o tempo para extração diminuíram drasticamente, enquanto o volume da produção subiu. “A curva de aprendizado foi muito grande, hoje existem mais de 40 poços que produzem mais de 30 mil barris de óleo e gás diariamente. O que acho que foi errado foi levar os estaleiros para outros estados quando a gente poderia ter concentrado aqui. Perdemos muito com essa dispersão”, disse.

Em ato na Cinelândia no dia 7 de julho, tanto Ceciliano quanto Lula defenderam o fortalecimento da indústria naval para a retomada dos empregos no estado. “Como se explica, em um país que tem oito milhões de costa marítima, que pode ter uma baita de uma marinha mercante, uma grande indústria naval, a gente importar navios da China, da Coreia do Norte, de Cingapura? […] Esses empregos que eles estão exportando para lá poderiam ser criados aqui, seriam milhares de empregos de qualidade, formando as pessoas”, comentou Lula na ocasião.