Por marcello.victor

Rio - A madrugada desta quarta-feira é de aparente tranquilidade no Morro Pavão-Pavãozinho, após o fim de tarde e início de noite de terça-feira de violentos protestos nas vias de acesso à comunidade, em Copacabana, por causa da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, de 26 anos. Até às 4h30 nenhum incidente havia sido registrado na região. A família e moradores acusam policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade pela morte de Douglas, mais conhecido como DG, que era integrante do programa 'Esquenta', da TV Globo.

A mãe de DG, a técnica em enfermagem Maria de Fátima da Silva Pereira, de 55 anos, já está de posse da declaração de óbito do filho, segundo o qual  o jovem morreu de "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”. O corpo permance no Instituo Médico Legal (IML), em São Cristóvão, na Zona Norte.

Por volta de 2h, a mãe do dançarino passou de carro pela Rua Sá Ferreira, principal acesso ao Pavão-Pavãozinho, na companhia do advogado Rodrigo Mondego, advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ. Aos jornalistas, Maria de Fátima mostrou o documento e reinterou a acusação de que PMs da UPP foram os responsáveis pela morte do filho.

"Os policiais da UPP esconderam o corpo na creche para depois sumir com ele. Chega de impunidade, de PM matar e ficar por isso mesmo. Não vou deixar isso barato. Ia acontecer com ele o mesmo que aconteceu com o Amarildo", brandou a mãe da vítima, referindo-se ao pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido a mais de um ano na Rocinha, após ser levado para a sede da UPP local. Ela disse que prestará depoimento na 13ª DP (Copacabana) e apresentará a declaração de óbito.

A mãe de Douglas Rafael também questionou a maneira como o corpo foi encontrado. "Bateram no meu filho até a morte. Tem marcas de espancamento no corpo. Eu vi, está todo perfurado dentro da urna no IML. Só encontraram o telefone com ele. Depois apareceram os documentos e o passaporte molhados. Como pode se não choveu? Por que haviam luvas no local antes da pérícia chegar?"

Batalhão de Choque acionado

Policiais do Batalhão de Choque reforçavam o policiamento nas ruas Sá Ferreira e San Roman durante a madrugada. PMs do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) ocupavam a comunidade. Nas duas ruas, funcionários da Comlurb recolhiam cacos de vidro, pedra, caixotes de madeira e entulho queimado durante a manifestação. Moradores que chegavam em casa de madrugada mostravam apreensão, mas subiam o morro sem problemas.

O Túnel Sá Freire Alvim e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, altura da Rua Sá Ferreira, que fiaram fechados durante quase toda a noite foram reabertos por volta das 23h51, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio.

Noite de revolta, protestos e medo em Copacabana

O dançarino do programa Esquenta Douglas Rafael da Silva Pereira, 26 anos, conhecido como DG, foi encontrado morto nesta terça-feira nos fundos de uma creche na comunidade do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Moradores afirmam que o jovem foi atingido por policiais dentro da creche Solar Menino de Luz na comunidade após ser perseguido por PMs, confundido com um criminoso.

De acordo com a Polícia Civil, a perícia no local apontou que as lesões no corpo de Douglas são compatíveis com morte ocasionada por queda. Equipes da 13ª DP (Copacabana) estiveram no local. Testemunhas e moradores serão chamados para prestar depoimento.

Os manifestantes afirmam ainda que um menino conhecido como Mateusinho, 12 anos, teria sido atingido por um tiro de fuzil na cabeça. O garoto, que, segundo os moradores, tem problemas mentais, teria sido atingido quando descia a Ladeira San Roman perto da esquina com a Rua Sá Ferreira, em Copacabana. De acordo com os relatos, ele estava sozinho e com as mãos para o alto. Um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região, no entanto, disse que o menino foi atingido por uma pedra lançada pelos próprios moradores. Na versão dos moradores, ele teria chegado morto ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul.

Um terceira pessoa foi encontrada morta no campo de futebeol na localidade. Trata-se de um homem de 30 anos. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde.

Centenas de pessoas pernmanecem no acesso à comunidade sem conseguir voltar para as casas após o protesto que interditou vias de Copacabana no início desta noite. Segundo eles, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) estaria realizando uma operação na favela. As ruas foram interditadas pelos manifestantes com barricadas de pneus e entulho.

O trecho da Avenida Nossa Senhora de Copacabana próximo à favela foi inteditado para a ação policial de repressão à manifestação. O túnel da Rua Sá Ferreira também está fechado ao trânsito. A entrada da estação do Metrô da Rua Sá Ferreira também teve que ser fechada por medidas de segurança.


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