Rio - A cerca de 500 metros do Maracanã, palco central da Copa do Mundo, um cenário que lembra uma demolição chama atenção. Trata-se da Favela do Metrô, na Mangueira, que começou a ser derrubada para dar lugar ao projeto de construção de um polo automotivo, mas que ainda margeia a Radial Oeste, em meio a escombros e lojinhas. O polo, apontado como a solução para revitalização da área, ainda está de pé, porém, não há previsão para o início das obras.
Em janeiro, a Subprefeitura da Zona Norte derrubou 637 residências na comunidade. Foram 662 famílias removidas e, posteriormente, mais 39 receberam assistência da prefeitura com aluguel social. Dois meses depois, invasores retornaram para algumas casas de lá. Na semana passada, eles circulavam tranquilamente.
“A todo momento aparece gente nova aí. No início do mês, eu vi famílias chegando com fogão e colocando janelas novas. Até a Copa vai ter mais gente ainda”, calcula Teresa Coutinho, síndica de um prédio em frente à Favela do Metrô. “Se a prefeitura não tirou esta favela para a Copa, não tira nunca mais”, completou o mecânico Israel Lopes, que trabalha em uma oficina localizada na comunidade. Em nota, a subprefeitura informou que enviará uma equipe ao local para identificar quem são os novos invasores.
Outra preocupação que assusta moradores e comerciantes da região é a cracolândia que se forma diariamente no fim da tarde, principalmente no terreno atrás dos estabelecimentos. “Eles (os usuários de drogas) aproveitam o entulho e ficam por aí. Teve uma vez que trouxeram até sofá para cá”, conta Francisco Orismar Rocha, de 61 anos, dono de bar no local.
Roubos
O aumento de roubos no entorno também é um temor. “Se der mole no sinal vem um e te assalta”, alertou a farmacêutica Marília Pereira, 56, moradora de um condomínio próximo. Em um levantamento na região do 4º BPM (São Cristóvão), só em março, foram registrados 138 ocorrências de roubo a pedestres no entorno da Mangueira. A PM informou que realiza patrulhamento diário na Avenida Radial Oeste.
E sobre a cracolândia, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, que é responsável pelo acolhimento dos usuários de drogas, garantiu que intensificará as ações no local.
Projeto inclui 96 unidades comerciais
O projeto do polo automotivo na Favela do Metrô levou mais de um ano para sair do papel. Quando o decreto foi assinado, em setembro de 2013, a licitação estava prevista para o mês seguinte, mas só se deu em março. A Secretaria Municipal de Habitação informou que a licitação ainda está em curso e não há previsão de início das obras.
O polo terá 21 mil metros quadrados e contará com 96 unidades comerciais. Os comerciantes que atuam na região receberão uma concessão da prefeitura para atuar nas novas lojas. Será construído ainda um parque com ciclovia e pista de skate. A obra custará R$ 30,5 milhões. O comércio que resiste na região consiste em 33 oficinas, 23 lanchonetes e 17 de peças para autos. No início da negociação para retirada de todas os imóveis, a prefeitura ofereceu indenização para proprietários.