Por paulo.gomes
Rio - Os pais de Gabriel Martins de Oliveira Alves, de dois anos, não esconderam a revolta ao saberem que a mulher apontada por responsável pela sua morte ficará em liberdade. Gustavo Castro, delegado adjunto da 27ªDP (Vicente de Carvalho), explicou nesta quarta-feira quais são as chances de Cláudia Vidal da Silva ser presa durante o processo.

"A possibilidade dela (Cláudia Vidal) ser presa só caso ela tente fugir, ameace outras testemunhas ou não compareça em juízo quando for intimada. Vou chamar a Cláudia para depor novamente, mas ainda não tem data marcada. Também chamei duas pessoas que ajudaram a Cláudia no socorro da criança", disse o delegado, afirmando que a mulher continuará respondendo por abandono de incapaz com resultado morte e exercício ilegal da profissão.

Segundo o delegado, a polícia tem em seu poder três vídeos que mostram o trajeto de Cláudia na manhã da última sexta-feira. Após pegar o pequeno Gabriel, em casa, no Jardim América, ela mudou a rota, deixando seu filho de nove anos em casa e depois seguiu para o salão de beleza. "Refizemos todo o trajeto que a Cláudia fez e ela mentiu em alguns pontos, principalmente na rua em que ela teria passado mal, ela não passou por aquela rua", garante o delegado.

Karla Martins de Oliveira e Flávio Alves Silva%2C pais do menino Gabriel Martins%2C estiveram nesta quarta-feira na delegaciaSeverino Silva / Agência O Dia

Dona do salão depõe e afirma estar comovida

Uma das sócias do salão aonde Cláudia fez as unhas na manhã da última sexta, esquecendo o pequeno Gabriel dentro do carro, também esteve nesta quarta na delegacia. Ela explicou o motivo de ter várias ligações do salão no telefone da motorista na parte da tarde.
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"Ela já tinha marcado com antecedência e ela já tinha marcado para fazer o tratamento para a colocação de unha postiça, que dura aproximadamente 1h30. Nesse dia ela tinha que voltar às 14h, mas não voltou. Por isso tinha várias ligações do salão no telefone dela", afirmou.
A empresária disse ter reparado de Cláudia estacionou o veículo distante do salão, mas que não dava para ver que tinha uma criança dentro do automóvel. "Eu vi que a Cláudia parou longe do salão. O vidro (do carro) era preto e não dava para ver se a criança estava dentro do carro. Eu fiquei muito comovida por ser mãe e não me imagino estar nessa situação", lamenta.
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Na manhã da última sexta-feira, Cláudia Vidal deixou Gabriel Martins dentro do carro, em Vicente de Carvalho, e foi até um salão para fazer as unhas. O menino acabou morrendo vítima de insolação.
Em depoimento na delegacia, logo após a morte da criança, Cláudia Vidal alegou que transportava a vítima para a creche quando teve um mal súbito e perdeu a consciência. Ao acordar, ela percebeu que Gabriel estava tendo complicações no banco traseiro e correu com ele para uma vila de casas pedindo socorro. O carro estava com o ar refrigerado ligado, mas o motor morreu, elevando a temperatura a 50°C.