Rio - A contraproposta de reajuste da Prefeitura do Rio foi rejeitada e os garis decidiram, no fim da tarde desta sexta-feira, que continuarão em greve. Uma comissão que representava os profissionais composta por dez funcionários, o presidente do Sindicato dos Garis e o presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, esteve com a júiza do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Ana Maria de Moraes e representantes do governo municipal no TRT. A prefeitura ofereceu 7,7% de reajuste e a magistrada determinou que 75% da classe voltasse a trabalhar. Negado o acordo, a juíza decidiu que por cada dia de greve ilegal a categoria seria multada em R$ 100 mil.
Com o início da greve, à 0h desta sexta-feira, a Prefeitura do Rio organizou um plano de contingência que priorizasse a coleta doméstica. Com isso, a varrição das ruas fica em segundo plano. Segundo o prefeito Eduardo Paes, a presença de uma escolta junto aos garis também faz parte do plano, para garantir os trabalhos.
Garis fazem manifestação em frente ao prédio da Prefeitura do Rio
"Nossa prioridade sempre é a coleta familiar, os resíduos dos lares e dos trabalhos. O que a gente pede é que as pessoas colaborem nesses dias e que procurem aquilo que deveriam fazer sempre. Que cuidem das ruas e não joguem lixo. Não vamos priorizar a varredura. E mesmo aquele lixo residencial, para ficar atento ao horário em que o gari vai passar", declarou Paes durante a inauguração de empreendimento imobiliário na Região Portuária, nesta sexta-feira.
O Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação decidiu pela paralisação nesta quinta-feira, depois de a Comlurb oferecer um aumento salarial de 3%. A categoria pede 47,7%, além de um reajuste no vale-alimentação de R$ 20 para R$ 27 por dia. Para o prefeito Eduardo Paes, o valor é alto. Ele lembra ainda a decretação da ilegalidade da greve pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Coleta doméstica será prioridade durante a greve dos garis, diz prefeitura
Paes disse ainda que "foi pego de surpresa pela greve": "A gente foi surpreendido. Março é o mês do dissídio, estamos em uma discussão. Foi feita uma proposta, muito alta, a gente fez uma contra proposta. Então fomos surpreendidos ontem com a declaração de greve. Sabíamos de uma Assembleia e poderia acontecer isso, mas a partir de domingo. Então estamos já com o plano de contingência implementado", afirmou o prefeito, declarando que está aberto para negociação.
"Estamos pedindo aos garis, como a greve já foi declarada ilegal ontem, porque nem a premissa se respeitou, que voltem ao trabalho porque a prefeitura está aberta para discussão. Estava e está negociando e vai continuar negociando", disse Paes, afirmando que o país está em momento de crise e lembrando os trabalhadores do Comperj:
"As pessoas estão sendo demitidas. Se eu chegar lá no Comperj hoje e colocar uma barraquinha e dizer 'olha, por favor, eu preciso de garis emergenciais no Rio', vou trazer 18 mil garis para cá e pessoas para ajudar. Em um momento de redução fiscal, a prefeitura do Rio não está deixando de pagar ninguém, nem fornecedor, nem folha de salário, não está atrasando nada e nem cortando investimentos, mas é obvio que não se vive em uma situação de conforto fiscal. E é uma categoria que ganhou no ano passado 40% de aumento", discursou o prefeito.
GALERIA: Caminhões da Comlurb são escoltados para garantir recolhimento do lixo
Com a paralisação dos garis, desde a 0h desta sexta-feira, o lixo já se acumula nas ruas da cidade. Com o plano de contigência, funcionários terceirizados da 5ª Gerência de Conservação, no Maracanã, foram convocados para trabalhar na retirada dos lixos das ruas, pois não há garis.