Rio - Acusados de atirar o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, durante uma manifestação em fevereiro de 2014, Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza deixaram a Cadeia Pública Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste, por volta de 12h15 desta sexta-feira.
Justiça dispensa acusados de morte de Santiago do uso de tornozeleiras
MP vai recorrer de decisão que desclassifica crime
Caso Santiago: acusados não responderão por homicídio
A soltura dos dois era prevista para esta quinta-feira, mas atrasou devido à falta de tornozeleiras eletrônicas. O uso do equipamento era uma das exigência para a libertação dos réus, porém, como o estado deixou de comprá-lo, a Justiça revogou a medida e permitiu a saída da dupla.
Caio e Fábio também não responderão mais por homicídio triplamente qualificado. Nesta quarta-feira, o colegiado da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio desclassificou o crime e a dupla passará a responder por explosão seguida de morte. O Ministério Público vai recorrer da decisão.
Com a mudança, a defesa de Caio sustenta que o jovem "responderá pelo crime que cometeu". "Houve um erro grave, irresponsável e lamentável. Isso é inquestionável, mas há provas seguras no processo, além dos vídeos, testemunhas da própria acusação, prova técnica, que tornam segura a tese de que não houve dolo eventual, mas sim o crime de explosão seguida de morte, pelo qual ele responderá", declarou o advogado Antônio Melchior.
Segundo a defesa, Caio sempre se mostrou arrependido com o caso: "Eu ainda nao sei como ele recebeu (a notícia da liberação da cadeia), porque não tive com ele. Mas ele sempre se mostrou muito triste com o acidente que ocorreu e acredito que agora esteja aliviado por responder por aquilo que ele realmente fez. Isso com o comprometimento absoluto com todas as medidas impostas pela Justiça", disse Melchior, antes da saída do jovem da cadeia.
Apesar da soltura dos dois, eles terão que cumprir diversas medidas cautelares impostas pela Justiça, como impedimento de participar de festas e reuniões públicas. A decisão da 8ª Câmara Criminal também os impede de sair da capital.
Relembre o caso
O cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, de 49 anos, morreu depois de ser atingido na cabeça por um rojão enquanto cobria manifestação no Centro do Rio, em 6 de fevereiro de 2014. Os jovens Caio Silva de Souza e Fábio Raposo foram acusados de soltar o explosivo e foram denunciados pelo MP pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de explosivo).
Após ser atingido pelo rojão, Santiago Andrade ficou internado no Hospital Souza Aguiar por quatro dias e morreu em decorrência dos ferimentos. A explosão lhe causou afundamento no crânio.
Segundo a denúncia do MP, Fábio teria entregado o rojão para Caio com a finalidade, previamente, de direcioná-lo ao local onde havia uma multidão, inclusive composta por policiais militares. Na época, os dois afirmaram que já se conheciam de outras manifestações e agiam juntos.
Caio e Fábio respondem ainda por outra ação criminal, em que são acusados de atos violentos em protestos de 2013. A ativista Eliza Quadros, a Sininho, também é ré no processo e é considerada foragida da Justiça.