Por adriano.araujo

Rio - Começou, no início da manhã desta terça-feira e de forma tranquila, a reintegração de posse do prédio que pertence ao Clube de Regatas do Flamengo e ao grupo EBX, de Eike Batista. Cerca de 300 pessoas ocupavam o imóvel, localizado na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, mas muitas famílias deixaram o local durante a noite e madrugada, principalmente crianças, restando pouco mais de 90 pessoas no imóvel. Por volta das 8h, um oficial de Justiça chegou com o documento que autorizava a reintegração. 

Justiça cumpre reintegração de posse de imóvel no Flamengo na manhã desta terça-feiraOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Policiais do 2º BPM (Botafogo), do Batalhão de Choque e agentes da Guarda Municipal participam da operação e a Avenida Rui Barbosa está fechada ao trânsito. Nesta manhã, um homem foi atendido pelo Corpo de Bombeiros após cortar o pé e precisou ser carregado. Na noite de ontem, houve tumulto no local durante o cerco e uma grávida deu à luz a um bebê prematuro dentro de um banheiro do prédio. Outras duas pessoas foram encaminhadas para a UPA de Botafogo.

GALERIA: Defensoria cadastra famílias de ocupação no Flamengo

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social chegou por volta de 8h40 ao local e trouxeram lanches para os ocupantes que ainda estão no prédio. As famílias e crianças serão identificadas pelo órgão.

Defensoria Pública tenta negociar retirada de famílias de prédio no FlamengoOsvaldo Praddo / Agência O Dia

Um princípio de tumulto começou na noite de ontem após mais policiais chegarem para ocupar os arredores do prédio. A grávida, que estava com seis meses de gestação, passou mal e entrou em trabalho de parto. Segundo testemunhas, o bebê chegou a cair dentro do vaso sanitário. Da UPA, Fernanda Aldeir da Silva Pessoa, de 34 anos, e a criança foram levadas para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. Este é o quinto filho de Fernanda. 

Outras duas pessoas foram levadas para a Unidade de Pronto Atendimento: uma delas teve um ataque epilético e uma mulher caiu e bateu com a testa no chão.

Defensoria Pública corre contra o tempo

A efetiva reintegração de posse começou após a chegada ao local de um oficial de Justiça com o documento que solicitava a ação. Com isso, a Defensoria Pública do Rio corre contra o tempo para tentar impedir que as famílias deixem o local. Eles negociam com os oficiais de Justiça que estão no local para que a ordem de reintegração de posse só seja cumprida após o pedido de agravo seja apreciado pela Justiça. Entre os pedidos estão para que as famílias fiquem mais tempo no prédio para que a prefeitura consiga realocar as pessoas em outro lugar ou pelo menos realizem o cadastro delas.  

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Defensores públicos foram até a ocupação de um prédio no Flamengo para cadastrar famílias e fazer mapeamento da situaçãoAlexandre Vieira / Agência O Dia

"Não justifica transformar o problema de moradia em caso de Justiça. Queremos criar o ambiente para que a saída seja digna e sadia", disse o defensor João Helvécio.  

O recurso que a Defensoria Pública entrou contra a reintegração de posse ainda não foi apreciado. O órgão recorreu a uma medida cautelar para agilizar a apreciação do agravo, mas a mesma não foi aceita pelo plantão judiciário durante a madrugada. O Tribunal de Justiça só começa a funcionar às 11h, quando a Defensoria vai tentar que o recurso seja examinado.

Das cerca de 300 pessoas que ocupam o prédio do Clube de Regatas do Flamengo e do grupo de Eike Batista, há três bebês e de 15 a 20 crianças.   

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