Por paloma.savedra
O médico Jaime Gold foi esfaqueado e teve bicicleta roubada na LagoaDivulgação

Rio - Ex-mulher do médico Jaime Gold, assassinado a facadas na noite de terça-feira, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio, Marcia Amil deu um depoimento emocionado ao DIA. Mãe dos dois filhos de Jaime, Daniel, de 22 anos, e Clara, de 21, Marcia criticou os que pretendem se aproveitar de mais uma tragédia para defender a redução da maioridade penal.

"Nem sei se foram menores, mas sei que Jaime foi vítima de vítimas, que são vítimas de vítimas. Enquanto nosso país não priorizar saúde, educação e seguranças, vão ter cada vez mais médicos sendo mortos no cartão postal do país. E não só médicos, afinal, morrem cidadãos todos os dias em toda a cidade, não só na Zona Sul", disse Marcia Amil.

Abalada com a tragédia, Marcia contou detalhes de uma madrugada que vai ficar marcada para sempre na sua vida e na dos filhos.

"Vai ficar para sempre. A gente vai encontrar forças, mas é uma marca que nao vai sair mais. Foi uma atrocidade. Quem o esfaqueou, rasgou de baixo para cima. Atingiu baço, figado, intestino, diafragma. Ele teve uma parada cardíaca de 50 minutos, outra de 30 minutos, precisou de mais de 10 sacos de sangue, mas infelizmente nao resistiu", relembrou.

O médico será sepultado às 11h desta quinta-feira no Cemitério Comunal Israelita do Caju. O corpo do ciclista estava no Instituto Médico Legal do Rio e já foi liberado. Na saída do local, parentes da vítima não quiseram falar com a imprensa. “Desculpa a grosseria, mas não estamos em condição de falar”, limitou-se a dizer um parente de Jaime, que não quis se identificar.

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Segundo a administração do cemitério, o corpo de Jaime passará por um ritual judeu, onde será lavado antes de ser enterrado. Parentes do médico teriam pedido reforço na segurança do cemitério para evitar o acesso da imprensa.

Na conta da secretaria de Segurança Pública do Rio no Twitter, o secretário da pasta, José Mariano Beltrame, declarou ser "inadmissível" a morte do médico e anunciou ainda o reforço na segurança no local, com ações conjuntas com a Guarda Municipal.

"É mais do que lamentável. É inadmissível o que aconteceu ontem na Lagoa, um lugar querido por todos os cariocas. Um lugar frequentado pela população do Rio e estrangeira. Por todos os turistas que vem ao Rio. Cenas dessa natureza não podem se repetir. É um cartão-postal e não podemos assumir de maneira alguma que essas ações aconteçam, muito embora a gente entenda as dificuldades que as polícias têm de trabalhar", declarou o secretário.

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Beltrame lembrou ainda a mudança no 23º BPM (Leblon) — responsável pelo policiamento da área —: o tenente-coronel Joseli Cândido da Silva passa a ser o comandante a partir desta quarta-feira. "O coronel Cândido assume com a função de reposicionar todo policiamento, com a cavalaria e bicicletas. além disso, se reúne hoje com a Guarda Municipal, no sentido de procurar ações conjuntas. Um lugar como a Lagoa não pode de maneira nenhuma ser alvo desse tipo de atitude porque é um local que todos nós frequentamos", frisou o secretário, que acrescentou: "O atual comando assume com a missão de proteção total da Lagoa".

Colaborou Diego Valdevino

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