Por karilayn.areias

Rio - São seis da tarde de uma quarta-feira quando Juliana Feittosa, 22 anos, deixa a Universidade do Estado do Rio (Uerj) e volta para casa, em Bangu. "Avistei um menino suspeito mais resolvi continuar andando. Coloquei minha bolsa próximo ao corpo e fiquei rente ao corrimão da passarela, tentando me esquivar dele, mas não adiantou. Ele puxou meu cordão e saiu correndo. Fiquei em estado de choque", conta. Juliana é mais uma vítima dos assaltos a pedestres que têm se multiplicado nas imediações do campus da Uerj, no Maracanã.

A estudante não registrou o caso na delegacia — ao contrário do que é recomendado pelas autoridades policiais — e diz que passou a ficar mais atenta desde então. "Não uso mais nada de valor, sempre observo quem está ao meu redor e se tiver alguém estranho no caminho eu espero passar. Não mexo mais no celular...", relata a estudante.

'Raramente vejo policiamento', diz estudante que já presenciou três roubosUanderson Fernandes / Agência O Dia

No dia 15 deste mês, Daniela Trotta, 24 anos, presenciou um outro roubo no ponto de ônibus em frente a Rua Mará. "Dois meninos que deviam ter uns 17, 18 anos assaltaram duas mulheres. Era sexta-feira e o ponto estava lotado. Isso já vem acontecendo faz tempo e o horário crítico é entre 18h e 19h. Já presenciei dois assaltos além desse e raramente vejo policiamento", disse.

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Crise deixa alunos sem aula na Uerj e UFRJ

Os relatos também se multiplicam em uma página do Facebook nomeada de "Uerj da Depressão". Na segunda-feira, um post relatou mais um roubo. "Sou estudante da Uerj e agora a tarde fui abordado por três crianças. Me cercaram e rasgaram a gola da minha camisa achando que eu estava com algum cordão e me levaram 30 reais. Mais uma vez peço a ajuda de vocês para alertar o quão perigoso é os arredores da nossa Uerj", diz o autor da publicação, que prefere não ser identificado, informando que registrou o caso na 16ª DP (Barra da Tijuca).

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (Insp), no mês de abril houve 137 registros de roubos e 182 registros de furtos na área que o instituto denomina Aisp 4 (Áreas Integradas de Segurança Pública) que abrange os bairros do Maracanã, Praça da Bandeira e parte da Tijuca; Caju, Mangueira, São Cristóvão, Catumbi, Cidade Nova, Estácio, Rio Comprido e parte do Centro. Procurada pelo O DIA, a Polícia Civil não confirmou os casos.

Crise interna

A Uerj também vem passando por uma grave crise interna desde 2014. Entre os problemas estão a falta de pagamentos a funcionários terceirizados de segurança, limpeza e manutenção e a reivindicação de professores por reajuste salarial.

As atividades docentes no campi foram paralisadas ao meio-dia, com aulas em apenas meio-período, nesta quinta-feira. A paralisação foi batizada de “dia de luta em defesa da universidade”.

Alunos, professores e funcionários da instituição fazem uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na tarde desta quinta-feira, em apoio a terceirizados com salários atrasados. A Rua Pinheiro Machado, foi interditada no sentido Botafogo, na altura da Rua das Laranjeiras, informou o Centro de Operações da Prefeitura.





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