Rio - Cerca de cem ciclistas fizeram uma manifestação ontem de manhã, pela morte de Jaime Gold, médico esfaqueado enquanto pedalava na Lagoa. O ato começou com missa campal no Corte do Cantagalo, e, de lá, o grupo seguiu para o Palácio Guanabara, onde houve outro ato simultâneo, organizado por amigos e familiares dos dois jovens mortos na Favela do Dendê, na Ilha do Governador, no último dia 19.
GALERIA: Ciclistas fazem protesto contra morte de médico na Lagoa
Celebrada pelo padre ciclista Cristóvão Sopicki, a missa foi organizada por diversos grupos de ciclistas. Antes, dezenas de pessoas vestidas de preto, entre atletas, moradores e amigos do médico, fizeram um minuto de silêncio em em frente ao Clube Caiçaras e depois correram pela ciclovia. “Estamos reunidos para rezar pela paz, não só na Lagoa. A falta de paz é consequência de muitas coisas e é importante que todos façam a sua parte”, disse o religioso.
O jovem Victor Didier, de 19 anos, esfaqueado na Lagoa dia 19 de abril, também participou do ato. Foi a primeira vez que ele voltou ao local depois que dois rapazes tentaram roubar sua bicicleta. Victor teve pulmão e mãos atingidos e ficou duas semanas internado na UTI. “Fui atacado com uma faca de 30 centímetros. Sinto revolta e frustração enorme. Jaime foi mais uma vítima.”
Lei vai enquadrar ladrões de bicicleta
Nesta semana, deverá ser votado o projeto de lei estadual que inclui nos registros de ocorrência da Polícia Civil o roubo e furto de bicicletas. Hoje, o crime é tipificado como roubo a transeunte. No dia 27, haverá audiência pública na Alerj para discutir a falta de segurança a ciclistas.
O grupo foi da Lagoa ao Palácio pedalando. Pintados de vermelho, os ciclistas deitaram no chão e jogaram a tinta no asfalto para simbolizar a morte de Jaime. Quando chegaram, cerca de 15 pessoas do Morro do Dendê já protestavam pela morte de Gilson da Silva dos Santos, 13, e de Wanderson Jesus Martins, 23, em operação policial. Parentes reclamam que o caso ficou esquecido e pediam justiça. “O caso do ciclista foi resolvido primeiro do que o nosso. Só porque ele era formado tem mais direito do que nós, que somos de comunidade?”, questionou Emerson Mello, 21, irmão de Wanderson.