Rio - Comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha, na data em que o pedreiro Amarildo de Souza desapareceu, no dia 14 de julho de 2013, o major Edson Santos garante que é inocente. Aguardando o julgamento preso, ele disse que o pedreiro foi morto por traficantes.
"Sinceramente, hoje em dia eu não tenho dúvidas (Amarildo está morto). Eu não tenho dúvidas e nos autos têm material suficiente que apontam para o tráfico. Eu sou inocente e os policiais são inocentes", disse ao RJTV.
O major afirmou que viu Amarildo somente no dia do seu desaparecimento, quando ele foi levado até ele na base da UPP, para reconhecer traficantes da Rocinha com mandados de prisão. "Eu nunca vi o Amarildo. O Amarildo eu conheci no dia que ele veio até a mim e eu o liberei. Ele saiu exatamente pela área da escada", garante.
Ele explicou o motivo de Amarildo ter sido foi levado para a base da UPP e não para a delegacia. "A única forma de verificar era através da listagem atualizada. Deveria ter (a listagem) na delegacia. O que é mais perto: sair da Rocinha, ir até a delegacia na Gávea ou vir falar comigo? As pessoas não entendem que aquilo ali é uma comunidade, você não consegue coisas em determinado ponto. Eu sempre fiz isso, eu tinha o controle, gostava de ter o controle para saber o que está acontecendo", diz.
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No inquérito, a Polícia Civil e o Ministério Público apontam que o major Edson teria ordenado que Amarildo fosse torturado. Ele negou essa acusação. "Eles vão trabalhar isso o tempo todo. Porque ninguém quer passar como incompetente. Eles (Polícia Civil) compraram a história de algum policial, de alguma fofoca", afirma.
Na semana passada, 14 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram afastados após o MP apontar que eles podem estar envolvidos no desaparecimento de Amarildo. Imagens de câmaras da Rocinha mostra um volume numas das caminhonetes da polícia, que poder ser o corpo do pedreiro. Segundo o major, o Bope foi chamado para ajudar na segurança, já que temia represálias após criminosos terem sido presos no dia anterior.
"O Bope veio para dar sensação de segurança, simplesmente para fazer uma ação de presença. Por mim pode botar a Nasa. Coloca a Nasa, dez peritos, coloca o Papa... Não tem nada ali. Olhei aquela imagem e fiquei o dia todo olhando aquela imagem", finaliza.
Amarildo foi torturado e morto em julho de 2013, depois de ser levado por PMs para a sede da UPP Rocinha. No processo, 25 agentes sãos acusados de envolvimento no desaparecimento da vítima, cujo corpo não foi encontrado. Eles respondem pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual e formação de quadrilha.