Por felipe.martins

Rio - Na noite de 15 de junho, Naiara de Sousa Ramalho perdeu o braço direito,  decepado por uma composição da SuperVia. Foi após um assalto, na estação Edson Passos, em Mesquita, quando voltava da faculdade. Desde então, passou por um calvário e agora espera indenização.

Homem morre nos trilhos e trem da SuperVia passa sobre cadáver

Secretário diz que foi 'desumano' e promete 'punição severa'

Homem é atropelado em ponto de ônibus por carro desgovernado

“Tenho me agarrado em Deus para continuar”, diz a moça de 27 anos que sonha em ser professora de História. Além das dificuldades de locomoção e readaptação, ela aguarda uma ajuda da SuperVia, mas não tem certeza se irá chegar.

Naiara Ramalho%3A “Tenho me agarrado a Deus mas está difícil”Carlos Moraes / Agência O Dia

Quando estava internada no Hospital da Posse, onde ficou por um mês e nove dias, Naiara recebeu a visita de uma assistente social da concessionária, que tentou eximir a empresa da culpa no acidente. “Ela disse que era um problema de segurança pública, que a responsabilidade era da Secretaria de Segurança.”

Para ela, no entanto, o problema não se resume a falta de policiamento na estação. “A responsabilidade é da SuperVia, eu estava dentro da estação e não teve nenhum tipo de aviso. As portas abriram e fecharam.” Naiara ficou presa pela mochila e foi arrastada pela estação, caiu em um buraco. Foi então que o trem passou sobre o seu braço direito. “Nem sei como não senti dor na hora, fiquei lúcida sangrando no chão.”

O socorro, ela não sabe exatamente quanto tempo demorou a chegar, mas lhe pareceu uma eternidade. “Na hora sabia que teriam que amputar, minha mão estava branca”.

Após os 40 dias internada, Naiara sente-se como uma criança, todo e qualquer movimento é novidade. “Estou reaprendendo a escrever, andar, comer. É difícil. Às vezes meu corpo esquece que não tenho mais braço, perco o equilíbrio.” Ela conta com a ajuda da mãe para as tarefas mais básicas. “Minha filha era frenética, trabalhava, estudava. Quero que a SuperVia a indenize”, afirma Dinalva Sousa, de 46 anos.

SuperVia culpa governo do estado

Em nota, a SuperVia afirmou que a segurança no sistema ferroviário é atividade exclusiva do Governo do Estado e que, portanto, não tem responsabilidade sobre o drama de Naiara, uma vez que o acidente foi provocado por um assalto.

Já a Secretaria de Transportes afirma que a SuperVia deve prestar todo o auxílio a seus clientes em casos de acidentes em suas instalações. A Secretaria informou que irá averiguar as providências tomadas em relação à Naiara.

Segundo o advogado David Nigri, a SuperVia é a responsável. “O código de defesa do consumidor diz que qualquer situação que incida em dano, tem que ser indenizada”.

Você pode gostar