Por paulo.gomes

Rio - Atingidos pela explosão que destruiu dezenas de imóveis na madrugada desta segunda-feira, em São Cristóvão, vizinhos afirmam que o restaurante localizado na Rua São Luiz Gonzaga, número 44, tinha um estoque de gás em seu interior. Resgatada pelos bombeiros, Ana Q. Araújo, de 38 anos, foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, e liberada após ser medicada. Ela contou que o dono da pizzaria tinha nos fundos do comércio um depósito de botijões de gás e já tinha sido alertado do perigo do estoque.

Explosão em São Cristóvão deixa várias lojas destruídasAgência Brasil

De acordo com José Augusto Cabral, 78 anos, dono de um dos estabelecimentos atingidos pela explosão, as autoridades haviam sido alertadas há quatro anos, após a explosão do Restaurante Filé Carioca, na Praça Tiradentes, onde três pessoas morreram.

"Quando estourou aquele restaurante na Praça Tiradentes, liguei para os bombeiros, Defesa Civil, fui até a Região Administrativa e nada foi feito. Agora a minha loja acabou toda e eu tenho que enfrentar essa situação com a idade que tenho", lamenta.

Também morador da região, o entregador Mauro Lopes de Araújo, de 44 anos, ficou 30 minutos debaixo dos escombros e foi liberado após ser medicado do Hospital Souza Aguiar. Ele disse ter escutado relatos de vizinhos de um forte cheiro de gás vindo da pizzaria. "Ele diz que já ouviu pessoas falando que na pizzaria tinha um cheio muito forte de gás. Mas eu nunca constatei isso", diz. 

O subsecretário municipal de Defesa Civil, Márcio Motta, afirmou que o dono da pizzaria confessou ter gás estocado em seu estabelecimento. No entanto, é prematuro afirmar que a explosão aconteceu no local. "Nós sabemos que há gás estocado no local, o que é ilegal. Não é possível ainda dizer quem é o responsável pela explosão. Havia gás estocado, inclusive nas casas", afirma.

VEJA MAIS

Explosão atinge imóveis e deixa feridos em São Cristóvão

GALERIA: Imóveis ficam destruídos em explosão no bairro de São Cristóvão

Moradora de um imóvel atingido pela explosão, a costureira Marlene Sangy, 46 anos, viu mais um filme trágico passar pela sua cabeça. Em 2011, ela residia no município de Nova Friburgo, que foi devastado pelas chuvas.

"Meu filho mais velho conseguiu proteger a minha filha de 17 anos. Muitos escombros caíram sobre ele e ela gritava muito. Achei que ela estivesse tomando choque, já que os fios da minha casa todos caíram. Quando olhei, só tinha um buraco que abriu na porta, e foi por onde saímos até os bombeiros nos acharem", disse Marlene, comemorando estar bem ao lado dos filhos: "O que eu queria tirar lá de dentro eu já tirei, que são os meus filhos", completa.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a explosão na Rua São Luiz Gonzaga pode ter sido provocada por um vazamento de gásAgência Brasil

Preocupado com o primo, que mora na vila, Célio Baldi, 59 anos, esteve no local e conseguiu autorização da Defesa Civil para entrar no imóvel. Ele conseguiu resgatar três animais de estimação que pertencem ao seu parente, Hugo Misseli. "Quando cheguei não havia mais ninguém, todos já haviam sido retirados pelos bombeiros, mas os dois canários do meu primo voavam pelo local e a tartaruga estava escondida de baixo da mesa. Consegui resgatar os bichos e já entreguei para eles os animais", diz.

Colégio Pedro II tem aulas suspensas nesta manhã

Os prédios em frente ao local da explosão foram muito atingidos e não terão condições de funcionar, porque tiveram as portas de aço retorcidas, as janelas e vidros quebrados e terão de passar por reforma. Na região do Largo da Cancela funciona a sede administrativa do Banco Itaú, com mais de dez andares, que teve as janelas totalmente destruídas pela explosão. O deslocamento de ar jogou embalagens de quentinhas que eram usadas na parte térrea do edifício, onde funcionava um restaurante, até o heliponto instalado no alto do prédio do Itaú. Uma agência do Bradesco que fica em frente também teve as janelas e portas de vidro blindex totalmente destruídas. Outras lojas comerciais próximas também foram bastante atingidas.

O Colégio Pedro II, que fica no Campo de São Cristóvão, está com as aulas prejudicadas nesta manhã, devido às interdições no trânsito. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil municipal informaram que os trabalhos de busca ainda vão demorar e não há previsão para a liberação do local. Três cães farejadores dos bombeiros trabalham nos escombros à procura de vítimas.

O Centro de Operações da prefeitura do Rio informou que segue interditado o trecho da Rua São Luiz Gonzaga, entre o Campo de São Cristóvão e o Largo da Cancela, para a ação do Corpo de Bombeiros. Há interdição também na Avenida do Exército, entre a Rua João Ricardo e o Campo de São Cristóvão.


Com informações da Agência Brasil

Você pode gostar