“Já era hora de esses banheiros estarem sendo utilizados pela população”, reclamou o militar Frederico Augusto Ramos, 42, quando passava pelo local ontem.
Cada mictório custa R$ 19 mil. Segundo a prefeitura, eles não foram pagos com dinheiro público, porque foram adquiridos numa contrapartida das empresas concessionárias que exploram os banheiros metálicos.
Reportagem publicada pelo DIA em maio mostrou que, naquela época, 51 mictórios públicos nunca instalados estavam armazenados em depósitos da Secretaria Municipal de Conservação. Só embaixo do Viaduto 31 de Março, sede da 1ª Gerência de Conservação, havia 25.
A instalação fora prometida para “breve”, mas a maioria está no mesmo lugar, alguns embalados. A área é protegida com grades.
“É importante destacar a complexidade da instalação. Trata-se de uma intervenção que leva em média 15 dias”, explicou a secretaria por e-mail, embora os mictórios estejam sob o viaduto há todo esse tempo.
Há 26 UFAs masculinas funcionando na cidade, em pontos como Lapa, Largo do Pechincha e Central. Em maio, havia 23. Segundo a Secretaria de Conservação, os 20 banheiros sem uso ainda serão instalados, em locais não informados, assim como alguns armazenados em outros depósitos (a quantidade não foi divulgada). A previsão é instalar todos até o fim do ano e chegar a 100 unidades.
Vazamento e mau cheiro
Não estão com aspecto de abandono só os mictórios em estoque. Três UFAs em funcionamento visitadas ontem pela reportagem (uma na Central do Brasil e duas na Lapa) tinham urina vazando pelo chão, pichações, ferrugem e forte odor.
Na da Central, uma grade, segundo ambulantes colocada pela prefeitura, mantinha o mictório interditado devido a um entupimento no esgoto, mas a população rompeu o lacre. A média de utilização do mictório da Central é de 1.300 usuários por dia. “Eles vêm, lacram e não consertam”, contou um vendedor que não quis se identificar.
“Tem que botar mais banheiros para o pessoal não mijar na rua”, recomendou o pedreiro Valmir Silva, 40, que não aprovou o estado da UFA da Central. “No da Lapa, a gente chega lá e tem camisa, papel, tudo dentro”, queixou-se o marteleteiro Paulo do Nascimento, de 46 anos.
A prefeitura afirmou que a Comlurb higieniza as UFAs diariamente e que os vazamentos e entupimentos são causados por objetos jogados pelos usuários. A Secretaria de Conservação vai vistoriar a unidade da Central hoje. Os mictórios, de aço inox, funcionam desde 2013. O objetivo era manter a cidade mais limpa.