
A união do seguro com o esporte olímpico em prol da educação e de causas sociais. Este é o propósito da parceria firmada entre o Clube de Regatas do Flamengo e a Escola de Negócios e Seguros (ENS). Pelo acordo, o Rubro-Negro poderá oferecer a atletas olímpicos, que vivem em áreas vulneráveis, cerca de 110 bolsas de estudo integrais em cursos de graduação e de MBA. Atualmente, o clube reúne cerca de 800 atletas nas modalidades olímpicas, sendo que 44% deles são oriundos de regiões carentes.
Andrey Lopes da Conceição, de 26 anos, nasceu em Nova Iguaçu e hoje é atleta da equipe de polo aquático do Flamengo. Ele é um grande entusiasta da parceria do clube com a ENS. "Já quero uma dessas bolsas. Fiquei muito feliz com essa iniciativa porque mostra que tudo está melhorando para os atletas do clube. Somos sortudos de estar aqui, nessa gestão, com as modalidades olímpicas recebendo investimentos. Essa iniciativa vai ajudar muitos atletas a terem algo mais na vida além do esporte", frisa.
Segundo Andrey, a carreira esportiva uma hora acaba. "Ter acesso à educação é um diferencial. Aqui, na Zona Sul, isso é fácil. Mas, lá na Baixada Fluminense, de onde eu vim, os moleques ficam o dia inteiro na rua porque não têm opção. Eles querem algo legal, mas não têm. As escolas não possuem infraestrutura, não têm piscina nem quadras bem estruturadas. Não existe um espaço que os chame para aquele ambiente", lamenta.
Andrey ressalta que as bolsas atendem o perfil dos integrantes do time: "É uma oportunidade tanto para quem concluiu o Ensino Médio quanto para aqueles que já têm uma graduação. O fato de as bolsas serem para cursos de dois anos facilita para encaixar com a rotina dos treinos. Falo isso por experiência própria, porque tenho uma rotina puxada e não é fácil conciliar as duas coisas. Conseguir o diploma vai abrir portas para muitos atletas", acredita.
"Quando vim para o Flamengo, tinha acabado de terminar o Ensino Médio e disse ao meu técnico que queria estudar. Ele conseguiu uma bolsa em uma universidade e hoje sou formado em Administração", completa.
Ainda na faculdade, Andrey conseguiu um estágio na área de projetos do Flamengo. Depois de formado, em 2019, foi efetivado e hoje é funcionário do clube. Ele se orgulha de sua trajetória e considera investir em uma pós-carreira fundamental.
"Nem todos serão atletas de ponta, ainda mais em uma modalidade como o polo, que não recebe tanto investimento. Por isso, a melhor combinação é educação e esporte. Quando comecei no esporte, aos 14 anos, tinha toda liberdade de adolescente e poderia ter escolhido um caminho diferente e negativo, mas o esporte me puxou e mudou meu foco. Particularmente na minha vida, o esporte e a educação foram um diferencial. Quando eu tive acesso à educação, dentro do esporte, fui levado a ambientes positivos, que me abriram portas para o meu futuro. Hoje estou efetivado em um clube grande, conseguindo dar o melhor para minha filha", conta o atleta, pai da Analu.
Do total de bolsas, 100 são para graduação e 10 de MBA. As primeiras serão destinadas, em ordem de prioridade, para atletas do clube, dos quais uma parcela significativa sem uma perspectiva clara do "pós-carreira"; outra quantidade grande de bolsas para ações sociais que o time está realizando junto à área de Responsabilidade Social; e por fim, uma fatia menor (cerca de 10 bolsas) para sócio-torcedores. As de MBA vão para funcionários, dentro de critérios a serem definidos. Até fevereiro o clube terá a composição completa desses bolsistas.