O documentário ‘Nossos Mortos Têm Voz’ que tem como tema a chacina da Baixada, que em 2021 completou 16 anos, foi licenciado pela Universidade de Washington, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos. Com isso, a história das famílias das 29 vítimas do crime ganha um alcance maior ainda em busca de uma justiça plena em nome de seus entes queridos.
Além do território brasileiro, a produção já foi exibida em outros nove países, alguns deles são Argentina, França, Quênia e Alemanha. Com o novo licenciamento, a obra entra agora, definitivamente, na comunidade acadêmica norte-americana através da Universidade. Exibições em Washington, com participação virtual dos realizadores que já estão confirmadas para o segundo semestre de 2021.
A chacina da Baixada ocorreu no dia 31 de março de 2005, quando policiais militares assassinaram 29 pessoas em Nova Iguaçu e Queimados. O documentário traz à tona o depoimento de mães e familiares de vítimas da violência com as histórias atravessadas por essas perdas. A produção resgata a memória das vidas interrompidas com uma visão crítica sobre a atuação do Estado por meio das polícias na região, aborda a atuação dos grupos de extermínio a partir da década de 50 e das milícias mais recentemente, sobretudo, no que diz respeito à violência de agentes de Estado contra jovens negros.
No fim deste mês é lembrado como o dia internacional das vítimas de desaparecimentos forçados, no dia 30 de agosto, data declarada pela ONU, em 2011. O desaparecimento forçado de pessoas é definido pela ONU como a privação de liberdade executada por agentes do Estado ou por pessoas e grupos agindo com sua cumplicidade, seguida da recusa em reconhecer que o fato aconteceu e da negação em informar o paradeiro ou destino da pessoa. Quando praticado de modo sistemático contra um segmento específico da população (movimentos políticos, membros de uma religião ou etnia) é um crime contra a humanidade, que não pode ser anistiado.
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