Advogada Priscila Martins sentiu na pele os efeitos do estresse emocional.Divulgação

Um estudo realizado por uma psicóloga fluminense constatou um recente aumento do número de casos de estresse e estafa mental em advogados. Além disso, os dados do levantamento mostram que as mulheres apresentam os sintomas relacionados a questões psicossomáticas num percentual 11% a mais que os homens. De acordo com a autora do estudo, a psicóloga Fátima Antunes, esse fator pode estar relacionado à dupla ou tripla função feminina na sociedade atual.
“Elas vivenciam mais estresse, por serem mais impactadas pelos sentimentos de falta de tempo para a família e as inúmeras tarefas que precisam dar conta no dia a dia. Na maioria das vezes atuam sozinhas e precisam resolver as demandas que se apresentam. Muitos dizem que estresse em advogados não existe. Acho, porém, que com a situação da pandemia pelo novo coronavírus, as pessoas, hoje, entendem melhor que a saúde mental compromete a saúde física, as relações e os resultados do trabalho”, avalia.
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Inscrita na OAB Nova Iguaçu/Mesquita, a advogada Priscila Martins, moradora no bairro Valverde, em Nova Iguaçu, especializada nas áreas família e criminal, além de ser defensora dos direitos da mulher, sabe como o estresse e a ansiedade debilitam a saúde mental, devido a uma experiencia pessoal.
“Um certo dia, saí para fazer uma audiência criminal. Estava tão preocupada com o resultado da audiência que eu esqueci totalmente de me alimentar ou beber água. O medo de falhar e causar um transtorno na vida do meu cliente me deixou esquecer literalmente da minha alimentação. Só lembrei que estava há horas sem comer quando cheguei em casa, às 20h. O detalhe é que a audiência começou, às 13h, e terminou às 18h. Simplesmente esqueci de comer por esse longo período”, recorda.
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Quem também conhece os efeitos do estresse com origem na atuação profissional é o advogado e procurador Everson José Ramos de Faro, de 53 anos. Em decorrência do elevado nível de estresse, Everson Ramos desenvolveu uma fibrilação atrial (ritmo cardíaco irregular). Inclusive precisou ser hospitalizado. Após dois anos de tratamento médico e psicológico, Ramos se sente recuperado.
“Já fui vitimado pelo estresse em razão da atuação como advogado. Por isso considero importante que todos os profissionais de direito procurem ajuda para evitar o abalo da saúde mental”, disse.