Gledson Vinicius presidente fundação planetário opinião
Gledson Vinicius presidente fundação planetário opiniãodivulgação
Por Gledson Vinícius*
Alvissareiro: que ou o que leva ou dá boas-novas, que anuncia ou prenuncia acontecimento feliz. Esse adjetivo arcaico seria a minha escolha para descrever o twitte de 05/04/21 do prefeito Eduardo Paes sobre a Universidade Gama Filho. Por lá, ele conta ter assinado um decreto para desapropriar o campus da antiga UGF, no bairro de Piedade, na Zona Norte. Diz mais o alcaide: informa ainda sua ideia de fazer uma parceria com a Fecomercio para viabilizar um grande centro de ensino e conhecimento no local. Se isso não for um decreto alvissareiro, não sei como nomeá-lo.
Para alguns o anúncio pode não passar de lugar comum e ter passado em brancas nuvens. Ocorre que o tema é especial demais para esse coração suburbano. Minha biografia se confunde com aquelas salas, prédios e quadras. Só de pensar já me vem à mente o número da matrícula que me acompanhou durante os quatro anos em que flanei pela faculdade.
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O número, as memórias, os sonhos que tinha, quem eu era, as pessoas incríveis que conheci, as escapadas para ver filmes no teatro Dina Sfat, as sextas inconfessáveis, tudo volta como um carrossel de imagens à cabeça. E tenho certeza que não sou o único que se sente assim com a novidade.
A canetada de Eduardo Paes trata de resgatar a esperança do carioca e devolve sentido e missão a um bairro que vibrava na frequência de vida acadêmica. Um grande centro de ensino e conhecimento é a natureza daquele espaço suburbano por excelência. Seu conjunto arquitetônico, toda sua infraestrutura instalada e a soma de memórias afetivas dos alunos, professores e corpo administrativo colaboram para fortalecer a vocação científica dessa zona especial da cidade.
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Motivos não faltam para o prefeito tornar o foco de sua nova gestão esse projeto de revitalização do campus da extinta Universidade Gama Filho: move a Economia, dinamiza um bairro inteiro, atrai empresas, cria empregos qualificados, combate a fuga de cérebros da cidade - doutores que preferem deixar o Brasil para continuar pesquisas em outro país - desenvolve inovação e reaviva o orgulho de ser carioca.
O contexto político da cidade cria o ambiente perfeito para a aceleração dessa pauta. Se por um lado o executivo é ótimo em captar recursos e fazer parcerias, o que é importantíssimo, por outro lado, vale lembrar, numerosos candidatos a vereador - de todas as matizes políticas - defenderam a UGF durante a última campanha.
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Esse foi o caso do mandato coletivo da Bancada do Livro, por exemplo, que propôs a criação de um “hub educacional” em que entidades reconhecidas no campo da Educação, das três esferas de governo, se organizassem no complexo em cogestão. Eleito, o vereador Rafael Aloisio do Cidadania é outro grande defensor da revitalização da área, tendo ainda em campanha construído compromisso público com o atual prefeito.
O cenário anima os cariocas. Principalmente os suburbanos que, como eu, mantinham sobre aquele espaço um profundo sentimento de orgulho. Não sei dizer, como provoca a poeta Elisa Lucinda, quantas vezes minha esperança será posta à prova. Sei que comemoro as alvíssaras do momento enquanto vagam pela lembrança as memórias daquele tempo. Afinal, não há caminho possível para o Rio voltar a dar certo que não perpasse pela valorização da Educação.
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É presidente da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro