Manoel Cavalcante Júnior era um dos funcionários mais queridos do 
Jornal O DIA
Manoel Cavalcante Júnior era um dos funcionários mais queridos do Jornal O DIAArquivo da família
Por O Dia
Uma das faces mais terríveis da pandemia — e que vem se mostrando a um número cada vez maior de pessoas — surge no momento em que as estatísticas frias da doença ganham um nome e o rosto de uma pessoa querida. Agora, o amigo que nos deixou foi o Diretor Financeiro Manoel Cavalcante Júnior. Tinha apenas 48 anos. Vivia um momento de grandes desafios profissionais quando foi infectado pelo vírus, precisou ser internado na UTI do Hospital Pasteur, no Méier e, na madrugada passada, não resistiu.
Uma das características mais evidentes de Manoel era o seu comprometimento com tudo. Mais do que isso, ele tinha a habilidade de lidar com as dificuldades que fazem parte da rotina de quem trabalha com o mundo árido das finanças. Isso se tornou especialmente evidente e foi um trunfo do qual se valeu neste momento difícil, de queda das receitas e crescimento das despesas.
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Ao invés de se desesperar diante o cenário difícil, ele reagia com serenidade. E não perdia a simpatia dos parceiros mesmo quando pedia prazo para realizar um determinado pagamento nem quando cobrava uma fatura em atraso.
A habilidade de Manoel para lidar com os parceiros se estendia, é claro, aos colegas de trabalho. Com 21 anos de casa, era um dos profissionais mais antigos e queridos da equipe de O Dia — que conseguia, mesmo nos momentos mais difíceis, ter presença de espírito para tirar o melhor dos colegas e tornar mais leve o clima habitualmente sisudo da área financeira de qualquer empresa.
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Manoel nasceu em São João de Meriti e passou por Duque de Caxias antes de se casar com América e se fixar no Rio. Deixa dois filhos, Heloisa e Lucas. Flamenguista, não escondia seu amor pelo rock nem pelo contrabaixo, que tocava, e no esporte, mesmo com recentes problemas no joelho, praticava karatê, como sempre comprometido, mas somente os amigos mais próximos sabiam disto.
Depois de vários dias na UTI, Manoel foi extubado — mas possivelmente sua asma que o perseguia impediu uma recuperação completa. Voltaria a receber o tratamento intensivo, mas na madrugada de ontem, essa doença traiçoeira mostrou sua face mais terrível.
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Em memória de nosso amigo e colega Manoel, e em respeito a sua família, O Dia reforça o compromisso assumido desde o início da pandemia e insiste na recomendação de rigor nos procedimentos de prevenção. E, além disso, o jornal seguirá cobrando das autoridades medidas que acelerem o ritmo da vacinação para que mais pessoas queridas como ele deixem de ser tiradas de nós de forma tão cruel e dolorosa.
Alexandre Rodrigues é presidente do DIA