Marcos Espínola
Marcos EspínolaDivulgação
Por Marcos Espínola*
Brasil, mostra a tua cara!...esse era o refrão ecoado pelo Cazuza nos anos 1980. Talvez, nunca o país tenha estampado para o planeta uma imagem tão negativa como hoje. No platô da pandemia e com um alto índice de morte diária há semanas, estamos sendo vistos como uma ameaça mundial. Todos estão temerosos com as variantes do vírus que circula por aqui. Enquanto isso, protagonizamos a instalação de uma CPI que se apresenta muito mais como um instrumento político do que investigativo. Continuamos fora de foco, deixando de lado o que mais interessa no momento que é vacinar, matar a fome e salvar as vidas dos brasileiros.
Recente post que viralizou na internet trouxe uma reflexão simples, mas que merece atenção. Dizia: “Não vi nessa pandemia pobres roubando mercados por fome, mas vi políticos roubando pobres por gula”. Parece agressivo, mas não é tão nocivo quanto os casos de falcatruas denunciados ao longo da pandemia.
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Em verdade, desde o início não levamos a crise sanitária a sério como deveríamos. Não tivemos um confinamento adequado e que evitasse o aumento dos casos. Perdemos tempo discutindo remédios. Lançamos hospitais de campanha que, na maioria, foram mal utilizados e alvos de suspeitas de superfaturamento. Mesmo com diversos países anunciando a segunda onda no meio do ano passado, por aqui os hospitais foram desmontados, explicitando a falta de planejamento no combate à covid-19.
No início do segundo semestre de 2020 podíamos ter adiantado as negociações com os fornecedores das vacinas, mas não o fizemos. Assim, veio a segunda onda e estamos pagando um preço alto. Entramos 2021 com o caos em Manaus. Pacientes morreram nas portas dos hospitais sem oxigênio. E de lá pra cá cada capital sofre com a superlotação das unidades de Saúde e a falta de insumos, dentre eles o kit para intubação, primordial para os casos mais graves.
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Hoje, já são quase 400 mil brasileiros mortos e a vacinação, essencial para alcançarmos a tal imunidade de rebanho, tem o seu ritmo inacreditavelmente reduzido. Num país sério, empresários e autoridades deixariam as diferenças de lado para unir forças. Seria muito mais digno com a população e passado o perigo, todos voltariam a trabalhar as suas convicções, interesses e campanhas eleitorais. Mas falta maturidade moral no Brasil, principalmente na classe política. No entanto, ninguém, aguenta mais o menosprezo pela vida. Neste momento não precisamos de CPI, mas de vacina e comida.

*É advogado criminalista e especialista em Segurança Pública