Isa Colli
Isa ColliDivulgação
Por Isa Colli*
É triste e angustiante ver a aceleração dos casos de covid-19 no Brasil e, principalmente, das mortes em decorrência da doença. Cada vida ceifada é uma história interrompida. E um grupo de risco que eu gostaria de chamar a atenção é o das gestantes. O número de mortes de grávidas e de mães de recém-nascidos (puérperas) por conta do novo coronavírus mais que dobrou em 2021, em relação à média semanal de 2020, apontam dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19).
O levantamento revela que, no ano passado, foram registradas 453 mortes (10,5 óbitos na média semanal). Em 2021, até 7 de abril, foram 289 mortes (22,2 óbitos na média semanal). É um aumento assustador para apenas quatro meses.

As histórias de quem consegue vencer o vírus são comoventes. A jovem Francinete Pacheco Correia, de 37 anos, já era hipertensa e ficou diabética após a gestação do segundo filho. Tomava todos os cuidados, mas o marido acabou contraindo covid-19 no trabalho e logo depois, ela também adoeceu. Foi internada e entubada. Seu bebê, uma menina, nasceu de cesariana de emergência na UTI, com 38 semanas de gestação. Ela só conheceu a filha depois de 14 dias, quando saiu do tubo. Francinete sobreviveu, mas levará por toda a vida a dor de não ter acompanhado os primeiros dias de vida da filha.

Segundo o infectologista e epidemiologista, Dr. Bruno Scarpellini, cada vez mais grávidas internadas em estado grave com covid-19, às vezes falecendo ou perdendo o bebê. Ele explica que, de acordo com o Programa Nacional de Imunização (PNI), existe uma nota técnica autorizando a vacina à grávida, só que ela só vacinaria pela idade ou se tivesse uma comorbidade, como diabetes, por exemplo. A questão, explica Bruno, é que às vezes a diabetes se desenvolve durante a gestação e, neste caso, a grávida teria dois fatores de risco, quer seja a diabetes, quer seja a gestação por si só.
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“Só o fato de estar grávida já é um fator de risco para a covid-19”, afirma o médico, acrescentando que um hospital do Rio se tornou basicamente unidade de gestante em estado grave.

O que os profissionais como Dr. Bruno defendem é que grávidas deveriam ter prioridade na vacinação, independentemente de terem ou não alguma comorbidade. Ainda mais neste momento em que se observa um número maior de gestantes nas UTIs.

E às futuras mamães eu faço o meu apelo: enquanto a vacina não chegar para todas as grávidas, redobrem os cuidados com as regras sanitárias de distanciamento, uso de máscaras e higienização constante das mãos. Essa doença não é brincadeira.
*É jornalista e escritora