Aristóteles Drummond, colunista do DIA
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond*
A chegada da vacina da Pfizer ao Brasil exige mais responsabilidade do Ministério da Saúde, do governo, da mídia em geral e dos palpiteiros de plantão, que vivem nas rádios e televisões fazendo proselitismo político. A irresponsabilidade custa vidas.
É sabido que essas vacinas, da melhor qualidade, aliás, exigem mais cuidados na sua conservação e, como pedem duas doses, parte será armazenada por mais tempo. Evidentemente é arriscada uma distribuição nacional, levando a municípios sem condições de guarda segura. E correr riscos de perdas seria criminoso.
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Destinar essas vacinas a determinadas áreas, em cidades de maior porte, seria mais responsável. Uma destinação nobre seria para todos os que atuam nos sistemas hospitalar e funerário, trabalhadores em contato com o público, como motoristas de táxis, de aplicativos, de coletivos e de transporte de cargas.
Assim, sem restrição de idade, aumentaria a faixa de imunização e seriam reconhecidos os riscos que estes
brasileiros vêm correndo ao longo da pandemia. E concentrar nas cidades com mais de 500 mil habitantes.
Estamos em estado de guerra. Exige autoridade e decisão. Não cabe interferência outra que não a do Ministério da Saúde e da Comissão Especial Covid, com presença de representantes do Legislativo e Judiciário. Não cabe discutir o que é melhor, mas definir o que é possível. E, claro, contar com o bom senso daqueles que não estejam usando a pandemia para fazer política.
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Chega de insensibilidade, de irresponsabilidade, de uso político de um drama das dimensões do que vivemos. O Congresso, há mais de um mês, não chega a um acordo sobre a questão da compra pelo setor privado. E, como está o texto, não vai dar em nada. Uma molecagem – este é o termo – liberar sem liberdade. A medida, desde que a metade seja doada, vai aliviar o SUS, pois metade recebida é metade poupada.
A venda deve ser livre de burocracia e de dirigismo. E a importação tem de obedecer às mesmas regras para a presença entre nós das vacinas importadas para a influenza, já sendo vendidas na rede de clínicas especializadas. Pode não ser a solução ideal, mas emergência é emergência, e não esta novela, com espetáculo de vaidades.
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Não combina com uma sociedade medianamente responsável e solidária, em meio a milhares de mortes diárias, a perda de tempo, com intrigas menores, manifestações inspiradas em ressentimentos, e não na solidariedade que o momento exige. Primeiro, vencer o vírus; depois, cuidar dessas coisas. O povo está atento e não está satisfeito.
Vamos à vacina, que pede sim uma presença pessoal do presidente para garantir IFA para as duas aqui feitas e garantir suprimento das demais, a começar pelas duas cujos laboratórios estão no Brasil há décadas.
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*É jornalista