Deputado estadual Marcus Vinícius Divulgação/Alerj

Por Marcus Vinícius*
Considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Museu Imperial, em Petrópolis, é um dos mais visitados do Brasil e da América Latina. Principal ponto turístico da cidade serrana, abriga um acervo de valor histórico inegável, além de ser de fundamental importância para a Economia local por gerar empregos direta e indiretamente.
Quando falamos de Museu Imperial, o que está em jogo não é somente a preservação da história, mas a valorização da Cultura e da Educação, a sobrevivência de uma cidade turística, e o fomento ao desenvolvimento econômico de toda a região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Por isso, não posso me calar diante das recentes especulações sobre o esvaziamento deste equipamento turístico a partir da possível transferência de seu acervo para o Museu Nacional.
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No mês passado, alguns jornais publicaram manifestações do governo federal em transformar parte do Museu Nacional, na Quinta da Boavista, que está sendo reformado após incêndio ocorrido em 2018, em um centro turístico dedicado à família imperial. Especulação ou não, considerando os desdobramentos que uma decisão como essa podem gerar, o fato deve ser debatido para evitarmos, desde já, tamanho absurdo. A decisão estaria sendo articulada por monarquistas dentro e fora do governo.
Duas questões devem ser levadas em consideração diante dessa ideia descabida: transformar o Museu Nacional em um museu dedicado à família imperial é um insulto ao seu propósito original, que é funcionar como polo disseminador de conhecimento científico e de pesquisa, essencial na formação de centenas de profissionais nas áreas de antropologia social, arqueologia, zoologia e botânica. Além de atentar contra a autonomia universitária, a proposta seria um duro golpe contra a comunidade científica brasileira e internacional que, há quase 130 anos, reconhecem a importância de seu acervo, contribuindo para o protagonismo do nosso país na área científica.
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Por outro lado, o Palácio de Verão de D. Pedro II, hoje, Museu Imperial, se mistura à história de Petrópolis. Não à toa, ela é conhecida como Cidade Imperial, título que ajuda a atrair ainda mais os visitantes e fomentar sua economia. Esvaziar um símbolo desta relevância é o mesmo que colocar em risco a sobrevivência de centenas de pessoas que dependem do museu, importante polo turístico fluminense que recebe, anualmente, mais de 400 mil visitantes. Ainda mais nesses tempos tão difíceis, quando o comércio e o turismo acumulam prejuízos significativos por causa do isolamento social.
Além do acervo de 300 mil itens museológicos, arquivísticos e bibliográficos, seus jardins, a decoração interna preservada, as pinturas raras e joias da Corte, fazem do Museu Imperial um espaço que se iguala aos principais museus do mundo. Seria uma enorme incoerência sucatear seu acervo e diminuir seu valor na memória de diversas gerações que revisitaram a história do país ao passear por seus salões impecáveis.
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Em nações desenvolvidas, a atividade turística prevalece como responsável pela geração de emprego e renda, criação de novos negócios e produção de bens e serviços. Negar essa realidade é o mesmo que retroceder.
*É deputado estadual pelo PTB-RJ