Sufocado por pandemias de diversas naturezas, o povo brasileiro está vivendo dias de apreensão e sufoco. Justo neste momento, ainda sofre com reajustes abusivos em produtos de primeira necessidade, como o gás (doméstico e industrial) e os combustíveis. O preço da gasolina não pesa só para quem tem carro; também afeta quem anda de ônibus ou de trem. O óleo diesel caro aumenta o custo de transporte de todas as mercadorias e bens. E a indústria também está pagando um preço alto nessa espiral de reajustes.
A discussão sobre a mudança no comando da Petrobras esfriou, por conta dos ventos que sopram fortes com os temas sanitários, políticos e econômicos, bem mais urgentes. Mas não pode sair da pauta. Nem deve. A empresa está aí, a elevação dos preços está aí, as reações de especialistas ou de palpiteiros estão aí e, de um jeito ou de outro, a sociedade continua sendo quem paga a conta.
Um discurso hoje bastante difundido, mas que necessita ser desfeito, é o de que os grandes vilões das recentes altas da gasolina e do diesel seriam os impostos. Balela. Fosse esse o caso, tal conjuntura adversa já estaria sendo enfrentada há muito mais tempo, já que a carga tributária sobre os combustíveis, para quem não sabe, sempre esteve no mesmo patamar que o atual. A solução do impasse requer uma análise técnica, mas também política.
A raiz do problema é a eterna briga entre os interesses dos acionistas e os dos demais atingidos pela administração da empresa. Os primeiros querem os maiores lucros possíveis no curto prazo, e aí deixam de lado questões como o emprego, os impactos ambientais e o desenvolvimento econômico e social do Brasil no longo prazo.
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Eles querem repassar o preço de mercado, mesmo que os custos de produção representem valores muito inferiores! Para completar o afastamento dos princípios sociais da exploração econômica, ainda devemos nos perguntar como a Petrobrás vem considerando os interesses do estado do Rio de Janeiro, representado pelos seus trabalhadores, sua classe empresarial e sua sociedade civil. Há muito tempo tais interesses se encontram alijados dos centros decisórios da empresa. Tal condição é injustificável, quando sabemos que aqui é realizada mais de 70% da extração de petróleo e gás natural e estão localizadas quase 80% das reservas de tais recursos.
É hora de rever a política de fixação de preços que só interessa aos acionistas. Existem instrumentos de política econômica para equilibrar a política de preços. E é hora de reverter também a estrutura de gestão da empresa que, em razão do peso tão grande na economia fluminense, não pode virar as costas para o conjunto de fatores e recursos locais que dão suporte e asseguram o sucesso das atividades de extração de petróleo e gás. Como explicar que a maior parte dos investimentos em pesquisas desenvolvidos pela empresa tem sido direcionada para universidades localizadas nos mais diversos estados brasileiros, em detrimento das nossas instituições superiores de ensino.
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Preços justos, ligados aos custos reais, e não aos interesses dos acionistas, além do maior respeito aos interesses do estado do Rio de Janeiro, são metas que devem ser compartilhadas por todos os setores da sociedade fluminense.
*Pedro Gonçalves Diniz Filho é vice-presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual do RJ
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