Acredito que todo esse ressentimento seja oriundo de pessoas que não se sentem reconhecidas ou não tiveram a oportunidade de frequentar o convívio de um campus universitário
Um projeto de lei que deve ser votado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e que com certeza será arquivado pela Presidência da Casa, pede o fim das atividades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A iniciativa provocou grande desconforto e revolta não só por parte dos parlamentares que veem na Educação o trampolim para uma sociedade digna e forte, como também em toda a sociedade acadêmica.
A proposta do parlamentar, que me reservo o direito de não pronunciar o nome, tenta passar a falta informação de que a Uerj é um dos órgãos onde se é aplicado milhões e milhões de reais e que não trazem nenhum resultado ou retorno do investimento feito, causando prejuízo aos cofres públicos do estado.
Acredito que todo esse ressentimento seja oriundo de pessoas que não se sentem reconhecidas ou não tiveram a oportunidade de frequentar o convívio de um campus universitário. Alegar que as aulas são revestidas de uma censura ao pensamento acadêmico, e que possuem cunho opressivo, criminoso e autoritário, são extremamente ignorantes. Até porque, de acordo com a Quacquarelli Symonds (QS), um dos mais conceituados rankings acadêmicos internacionais aponta a Universidade do Estado do Rio de Janeiro como a 18ª melhor universidade do país.
Outro ponto que chama a atenção, diz respeito a intenção de transferência dos cerca de 35 mil alunos da instituição que são distribuídos em 90 cursos, sendo 40 de Doutorado de 60 de Mestrado, para universidades privadas, o que com certeza trará grande prejuízo financeiro aos alunos em um momento de Economia instável. Além disso, vender os bens da instituição com a desculpa de que o valor arrecado será aplicado em possíveis bolsas de estudo, só pode ser visto como atitude de uma pessoa sem nenhuma noção e que quer que a população fique alijada da Educação, nada questione e seja subserviente, como soldados que obedecem sem questionar o comando de seus superiores.
Toda essa situação parece ser orquestrada e ter a finalidade de tirar o foco da CPI da Covid 19, e claro, ter seus 15 minutos de fama. Temos que lembrar também que a Uerj é a pioneira no sistema de cotas, o que garante o acesso das camadas mais pobres ao Ensino Superior e a primeira a abrir cursos noturnos, além de ser uma das dez maiores do país
Vale destacar ainda a importância que a Uerj tem para nosso estado com a formação de inúmeros profissionais gabaritados nas áreas de tecnologia, indústria, saúde e demais pesquisas, que contribuem diretamente para a geração de novas riquezas e que são disputados por empresas do Brasil e do exterior. Para piorar essa situação, fica claro o desconhecimento por parte do propositor que a policlínica Piquet Carneiro, que faz parte da Uerj, acaba de colocar em funcionamento um ambulatório equipado com um Oscilômetro, equipamento utilizado exclusivamente para tratar pacientes com sequelas da covid-19, aumentando a capacidade de recuperação.
O projeto apresentado e que já nasceu praticamente sem futuro de prosperar, demonstra apenas o total descompromisso do seu autor com a Educação e o total desprezo com o Ensino Superior e futuro do país. Atitudes como essa são inaceitáveis e devem ser repudiadas por toda a sociedade brasileira. Para mim, a Uerj é e sempre será considerada um patrimônio nacional e que vai permanecer onde sempre esteve.
Dionísio Lins é deputado estadual e líder do Progressista na Alerj
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