Marcos Espínola, colunista do DIADivulgação

O olhar da sociedade para as polícias, especialmente a militar contém equívocos que merecem ser revistos. Influenciado por diversos segmentos, essa visão do que significa ser policial no Brasil é deturpada, em particular num estado como o Rio de Janeiro, cujo cenário de guerra está estabelecido com a presença das facções criminosas por toda a parte. Demonizar esses profissionais é uma injustiça, pois o que eles enfrentam diariamente, os credenciam muito mais como heróis do que vilões, como alguns assim tentam classificá-los.
Por diversos motivos a imagem da corporação vem sendo arranhada sem que o cidadão tenha a possibilidade de ver o outro lado. Ter, por exemplo, acesso ao impacto da violência na vida deles e de suas famílias. Para se ter ideia, segundo a corporação, em 2017 os PMs do Rio enfrentaram criminosos armados mais de quarto mil vezes, média de 14 confrontos por dia, trocando tiros e ficando de frente com a morte diariamente.
Agora, em 2021, de janeiro a outubro, foram mais de seis mil armas apreendidas, sendo quase 400 fuzis, um aumento de 25% em relação ao mesmo período no ano passado. Foram, em média, 90 prisões realizadas por dia. Trabalho árduo e com bons resultados pouco divulgados.
Repete-se que a PM do Rio é a que mais mata, porém pouco se fala que ela é a que mais tem baixa. Somente este ano foram mais de 120 PMs assassinados até outubro. Entra e sai ano e o saldo é similar, sendo muitas famílias de policiais destruídas não só pelas mortes, mas pelas sequelas da violência.
Em 2018, mais de 1,3 mil PMs do Rio foram afastados do trabalho por problemas psicológicos. Com mais de 40 mil agentes na ativa, na ocasião, foram realizados mais de 30 mil atendimentos psicológicos ou psiquiátricos. Tudo isso sem contar centenas deles afastados permanentemente, mutilados e invalidados por conta de tiros e violência de toda espécie.
Os mesmos que cobram ações contra criminosos e pedem socorro aos policiais, os criticam vorazmente por ações que resultam em morte. Desconsideram inúmeras variáveis nesse contexto, a principal delas o forte aparato bélico dos criminosos que aterrorizam a população, as comunidades e o cidadão de bem de um modo geral.
É preciso que se entenda que o sangue derramado pela violência urbana também é do policial que dá a vida para proteger a população. Isso merece ser lembrado e respeitado.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública