José Ricardo MarquesReprodução

Desde o início de 2020 o mundo se surpreendeu com o anúncio da Pandemia causada por um vírus que teve sua gênese na cidade de Wuhan na China.
Após todo esse período, o mundo passou por lockdown, desenvolveu vacinas em tempo recorde, uma profusão de notícias, muitas verdadeiras e outras falsas, teorias da conspiração e muita política, um confronto entre ideologias.
Mas, mesmo após todo esse tempo de aprendizado – pelo menos assim deveria ser -, ainda enfrentamos debates absolutamente impróprios e até mesmo insanos, quando tratamos do atual momento, aliás, continuamos em Pandemia, e o vírus está entre nós e de acordo com estudos científicos, permanecerá por um bom tempo.
O Brasil perdeu mais de 613 mil pessoas, mas a boa notícia é que 74% já tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19 e 61%, a segunda dose ou dose única.
O imunizante realmente vem contribuindo para a diminuição de óbitos, hoje em aproximadamente 300 mortes diárias e a média vem em decréscimo dia a dia.
As tecnologias são antecipadas e teremos o uso de um mundo digital onde o futuro se mostra no presente. Os hábitos do passado são vistos em um retrovisor cada vez mais longínquo e teremos muito em breve o 5G, uma revolução. A crise sanitária também trouxe benefícios inexoráveis.
No entanto, é inacreditável que ainda não aprendemos com a tragédia ao desenvolver novas crenças e particularmente em não adotar medidas preventivas para evitar que doenças transmissíveis por microrganismos causem mortes e tragédias, como um vírus letal e uma doença que levou e dizimou muitas histórias e sonhos.
Trago exemplo, em uma dessas narrativas, a de um jornalista competente, com muita experiência que, ao falar sobre a covid-19, relata que “curou” uma amiga de 65 anos com tratamento precoce, com indicação de doses de cloroquina entre outras drogas que, comprovadamente e cientificamente, não tem nenhum efeito sobre a covid-19.
Um intelectual, abduzido por uma ideologia macabra, um vento que leva para a insanidade.
O pior é que estamos com muitos desses influenciadores que poderiam contribuir de forma positiva com sugestões que realmente pudessem até salvar vidas, ou melhorar condições que remetem à medidas inteligentes e comprovadamente eficazes.
Outra narrativa alarmante é que limpeza de ambientes, como medida preventiva, não teria efeito prático.
A OMS anunciou medidas como uso de máscaras, lavar as mãos permanentemente, distanciamento e evitar locais fechados com ou sem ar condicionado.
De fato, o imunizante é uma ferramenta importante e essencial para evitar mortes e o ambiente caótico da infraestrutura de saúde e hospitais, mas continuamos em Pandemia e com mortes diárias.
Quanto à limpeza de ambientes, é inquestionável que locais limpos causam menos riscos e, obviamente, trata-se de medida preventiva contra doenças provocadas por patógenos e germes perigosos à saúde humana.
Um artigo em um jornal de grande circulação chegou a publicar que: “desinfetar ambientes, medir temperaturas, limpar compras de supermercados, tirar sapatos antes de entrar em casa e outras ações são pouco eficazes no combate ao vírus”, chamando de teatro da higiene as tais providências, e reiterando que gastam mais energia do que oferecem proteção.
Ora, nada mais absurdo!
A Anvisa e órgãos de vigilância sanitária há mais de duas décadas elaboram Notas Técnicas, Portarias, RDC’s e Pareceres, legisladores propõem leis para tratar do assunto, da necessidade de higienização de locais de acesso comum e coletivo e da manutenção de sistemas de climatização.

Um exemplo de local com pouco ou nenhum tratamento no ambiente é o Sistema Prisional, local considerado dos mais insalubres. Os presídios matam mais por doenças transmissíveis e tratáveis do que pela violência. O índice da tuberculose é altíssimo. Mas, ao invés de tratar o ambiente carcerário, prefere-se gastar milhões de reais com tratamentos causados pelas doenças, o que é muito mais caro. Aliás, alguns estados tem hospitais com enorme estrutura para atender a comunidade prisional e não vai critica neste sentido, mas fazer profilaxia ou higienização assistida nos locais de acesso comum e coletivo, seria mais inteligente e, mais uma vez, mais barato.
Esse é um exemplo de que medidas preventivas como a desinfecção, sanitização e ações de combate e eliminação a microrganismos são eficazes e podem salvar vidas.
Estimulados por falsas mensagens, gestores públicos e executivos vem se preparando para apresentar projetos e políticas de saúde, totalmente fora do contexto em que vivemos.
Permitir eventos com grandes públicos (parecendo que JÁ passamos pela Pandemia e que a covid-19 é apenas uma estatística, quando já nos acostumamos e ter 300 mortes por dia), é inaceitável, caso não se estabeleça medidas preventivas e de biossegurança. A adoção de protocolos de biossegurança irá fazer com que um número maior de pessoas frequentem os espetáculos, ou seja, prevenir garantirá retorno das atividades, portanto, trata-se de investimento!
Todos estamos extenuados com o isolamento, as economias viraram pó, empresas terminaram seus vários anos de história, famílias se viram em falência e bancarrota financeira. A economia foi afetada, e é uma das consequências da maior tragédia de saúde pública do nosso tempo.
Mas a experiência deveria nos ensinar e evitar que a transmissão e a doença deixem de nos surpreender com mais mortes e caos. A Rússia anuncia novas restrições e aumento de mortes, mesmo com uma vacina festejada e com alto índice de imunizados.
Temos relatos de pessoas que tomaram as duas doses, contraíram pela segunda vez a doença e vieram a falecer; infelizmente, a covid-19 não veio com manual de instrução!
A proposta é elaborar métodos e propor medidas preventivas, como estimular o uso de máscaras por mais tempo, especialmente em ambientes fechados, ter locais à disposição para lavar as mãos e com maior frequência, ter higienização, desinfecção, sanitização, esterilização de locais comuns e coletivos, de acordo com as características de cada setor ou segmento garantido segurança às pessoas.
É inadmissível que estádios de futebol recebam público, sem a mínima condição no controle de pessoas com as doses de vacinação comprovadas e testadas. Impossível pensar em um espetáculo como o carnaval do Rio de Janeiro e outros, sem ter os ambientes testados, descontaminados, permitindo que o que se transmita seja apenas a alegria! O mesmo com o Rock In Rio, anunciado para o próximo ano, abertura de cinemas, teatros, bibliotecas, museus, sem segurança e garantia de estar apropriado para receber público.
Os transportes públicos, como metrôs, ônibus, barcas, trens e mesmo os de aplicativos devem passar por inspeção e anunciar medidas preventivas para atender clientes e público que circulam, muitas vezes, de forma aglomerada. A Fiocruz, em recente pesquisa, destacou que o sistema de transporte público transmite o novo coronavírus em maior proporção que hospitais por exemplo.
Um grupo de especialistas entende que possamos abrir a economia e setores estratégicos, como escolas, ter hospitais e centros de saúde com qualidade e segurança, ter eventos que recebam público, mas o que se quer é que haja a validação de protocolos sanitários, de medidas preventivas, que podem ser considerados como investimento, sendo mais econômico que ações emergenciais, trata-se de uma simples questão de conta!
São muitas as boas lições que poderíamos ganhar com a crise e o caos, com a morte e a tragédia da covid-19 e, com isso, de forma inteligência e coerente, com o auxílio da ciência e especialistas, adotar práticas e ações que evitem novas paralisações e perdas em todos os sentidos.
O coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas de São Paulo, Esper Kallas, discorreu na Conferência “O que já sabemos sobre a covid-19, realizada pela SBPC, relata que todas as medidas preventivas constituem pilares de preservação da própria vida e que manter ambientes seguros é uma das mais importantes.
O Teatro Municipal do Rio de Janeiro inicia projeto para promover a biossegurança de seus ambientes e sistemas de climatização. A Presidente do mais requintado palco do país relatou o seguinte: “É imprescindível que a reabertura do Teatro Municipal garanta a segurança do ambiente, a qualidade dos locais de acesso comum e coletivo, do sistema de climatização, garantindo o controle e segurança do público e frequentadores de um dos mais importantes espaços culturais do Rio de Janeiro e do mundo. Queremos ser referência não somente nos espetáculos que proporcionamos, mas na segurança contra microrganismos prejudiciais à saúde e garantir que nosso maior ativo seja a vida dos nossos colaboradores, professores, alunos, artistas e do nosso público em geral”.
Medidas preventivas não podem ser consideradas “teatros”, mas uma forma de contribuir no combate e eliminação a germes que podem tirar vidas. Ter ambientes sadios, limpos e desinfetados, e o controle de pessoas através de monitoramento por testes, com verificação de vacinação e outras providências, conforme anunciadas pela OMS, garantirá a retomada segura ao espetáculo que é a vida.
José Ricardo Marques, CEO da SAS BIOTECH e especialista em tratamento de ambientes seguros