Economista Raul VellosoDivulgação/Inae
Na visão de muitos, a causa básica da crise são os elevados déficits públicos que se vêm acumulando nos últimos tempos, em cujo combate o governo Temer criou emergencialmente em 2016 um teto de gastos igual à inflação decorrida para valer durante 20 anos, e o atual governo aprovou uma reforma das regras previdenciárias via a EC 103 do final de 2019. Só que, como essa emenda teria um efeito menos incisivo a curto prazo na Previdência, e, também à falta, ali, de medidas complementares indispensáveis, a política de cumprimento do teto tem se limitado a ajustes precários dos gastos discricionários.
Até agora, a maioria dos candidatos tem se limitado a repetir o bordão pró ajuste fiscal de sempre. Só que, além de deixar de lado a defesa do teto, precisariam entender que, mantido o diagnóstico básico, terão de explicar detalhadamente como vão atacar o ajuste agora não mais dos gastos discricionários, mas especialmente dos gastos obrigatórios excessivos. (Ou, então, o diagnóstico correto teria de ser outro).
Para tanto, forneço informação relevante difícil de encontrar, que é a nova estrutura do gasto federal que emergiu após a reforma de 1988, em percentual do gasto total, estrutura essa que precisa se alterar do jeito certo, ou seja, com menos GRANDE FOLHA e bem mais INVESTIMENTO. Para isso, cabe aprovar bem desenhadas emendas constitucionais e/ou outras rotas de difícil tramitação.
Se considerarmos a participação percentual dos principais segmentos em 1987 e 2018 (nessa ordem, para cada item), o que chamo de GRANDE FOLHA (benefícios assistenciais e subsidiados, Previdência, e pessoal em atividade) terá aumentado de 39% para 75,6% do total. Em Saúde, de 8,0 para 8,2%. Em Educação, de 2,5% para 2,6%. Nas Demais Correntes, queda de 20,5% para 6,4%, no caso de gastos obrigatórios, e de 13,9% para 4,4%, no caso de discricionários. E, no INVESTIMENTO, 16% para 2,8%. Que lástima...
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