Eliane Valentim - artigo de opinião - O DiaDivulgação

A Economia Criativa envolve profissões, negócios, criatividade e inovação, e vem se perdendo em um limbo por falta de conhecimento. Embora associada à tecnologia e cultura, abrange praticamente todos os setores da Economia. Para facilitar o entendimento, basta pensar naquele amigo que abriu um ateliê de moda sustentável, ou aquele outro que usou a criatividade para criar uma roupa de praia que também pode ser usada na balada. Sem a criatividade, essas atividades não existiriam.

Esse conceito revela números grandiosos de receita, porém não se trata só de ganho, mas também da geração de empregos, da garantia do sustento e do direito à dignidade das famílias. Estreitando ainda mais esse assunto, é um setor que tem sido visado, porém pouco valorizado.

A cidade do Rio é jovem, plural e receptiva como só ela sabe ser, e por isso se tornou, "a casa dos criativos brasileiros". As feiras de Economia Criativa há anos oferecem aos cariocas e turistas uma opção de entretenimento, oferta de produtos, atrações, gastronomia e o mais importante: trocas de experiências! Tudo isso ao ar livre.

Quem nunca esteve em alguma feira curtindo uma boa música, degustando e no final levando um docinho no pote para casa, produzido pela pessoa que o vendeu? Pois isso é feira de Economia Criativa. Sua principal característica: ser compostas por pequenos produtores, agricultores familiares, artesãos, estilistas autorais e músicos locais. Provoca aprendizado do consumo consciente e vivências, indo além de uma atividade comercial.

Neste momento pandêmico, avançamos aos poucos no patamar que permitiu a realização de feiras e eventos, que se tornaram a âncora de salvação para muitos empreendedores. Eles encontraram nas feiras uma opção mais justa e barata de manter vivo o seu sonho e sustento, visto que o volume de vendas ultrapassa os ganhos a cada edição, gerando mais de 500 empregos diretos e indiretos.

Além disso, há toda uma cadeia produtiva que é movimentada quando o artesão compra as peças da bijuteria na Saara, quando o estilista compra tecidos e aviamentos no Polo Têxtil ou quando adquire insumos no Mercado Municipal. Sem falar no aumento da arrecadação tributária, gerado a partir das taxas municipais, licenças, alvarás e recolhimento de impostos.

Apesar de toda a grandiosidade econômica, cultural e humana gerada, hoje não há ainda um entendimento da parte do poder público em relação à categorização das feiras criativas. Ora são feiras comerciais, o que em muitas vezes gera perda de valores que são intangíveis, ora são caracterizados como eventos.

É preciso olhar como agentes transformadores, pois muitas desenvolvem parcerias com comércio local e associações de bairros, trazendo contrapartidas sociais e benfeitorias para o espaço ocupado. Vale destacar que não é raro receber elogios de moradores afirmando que em dias comuns não se sentem seguros em frequentar as praças.

É importante estimular o diálogo com o poder público, pois a falta de conhecimento gera a desvalorização e a carência de ações públicas de incentivo ao setor. Torna-se necessário enxergar que as feiras de economia criativa podem ser grandes aliadas do desenvolvimento da cidade, da geração de emprego e renda e da segurança pública.
Eliane Valentim é empreendedora de Economia Criativa e responsável pela Feira Criativa O Fuxico