Martha Rocha, deputada estadual pelo PDT - Opinião O DiaTARSO GHELLI/Divulgação

Mesmo com avanços nos últimos anos, em que importantes pautas femininas ganharam destaque no cenário político, como violência de gênero, carreira, maternidade e equiparação salarial, as mulheres ainda não têm a devida representatividade na política. E a matemática é simples: enquanto elas não fizerem parte destes espaços, suas demandas serão deixadas em segundo plano.

Reconhecer a necessidade da mulher na politica é antes de mais nada um movimento necessário para equilibrar visões e reduzir as desigualdades sociais e de gênero. As mulheres, naturalmente, trazem novas narrativas e um olhar mais cuidadoso e democrático sobre questões públicas que afetam o cotidiano de todos nós.

A equidade de gênero na política, no entanto, é importante não apenas para as mulheres; tem também reflexo positivo para toda a sociedade. E quando eu falo em política não estou me referindo apenas aos cargos do Legislativo ou Executivo. A mulher pode ser o que ela quiser. Sem mandato eletivo, ela pode participar politicamente de associações, de organizações não governamentais ou de movimentos populares. O importante é ocupar espaços de poder e de voz.

É perceptível que a participação feminina nestes lugares vem aumentando, mas ainda precisamos progredir muito. A tarefa não é nada fácil, mas acredito que a única forma que as mulheres têm de conquistar o protagonismo é mostrando que estão conscientes do seu papel.
Em fevereiro deste ano, comemoramos os 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil. Mas a vitória do voto passou longe de representar uma igualdade mais efetiva entre homens e mulheres no cenário da política.

A representação das mulheres continua terrivelmente desproporcional nos parlamentos e nos cargos executivos. Segundo a ONU Mulheres (Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulheres) e o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Brasil ocupa o antepenúltimo lugar entre países latino-americanos no ranking de paridade política entre homens e mulheres. O mais curioso desse resultado é que as mulheres somam 51,8% da população brasileira.
Sem dúvida, ainda existe um longo caminho a percorrer, mas alguns temas relevantes saíram do papel: o país instituiu o crime de feminicídio como lei em 2015 e a Lei Maria da Penha vai completar 16 anos. As duas legislações são um marco no combate à violência de gênero e uma prova de que não podemos desistir de reforçar cada vez mais a democracia.

O fato é: não haverá mudanças para melhor sem as mulheres na linha de frente. A mulher precisa e deve, cada vez mais, participar da vida política como protagonista das suas reivindicações. O fortalecimento entre as mulheres é a principal forma de se chegar a uma política de qualidade para toda população.

Martha Rocha é deputada estadual (PDT) e presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)