Tathiana Colturato é coordenadora Internacional do Programa Plásticos Circulares nas Américas / Brasil e ColômbiaDivulgação

Quarto maior produtor de plásticos do mundo, o Brasil ainda enfrenta enormes desafios para alavancar a reciclagem para reutilização e redução no uso indiscriminado desses materiais. Na cidade do Rio, 20% dos resíduos encaminhados, diariamente, ao aterro sanitário de Seropédica são plásticos. Isso não é pouco - são duas mil toneladas de plásticos sendo aterrados diariamente, o equivalente à 16 estátuas do Cristo Redentor.
Destino internacionalmente conhecido, o Rio celebra a retomada do turismo e do mercado de eventos, a chegada de novos negócios e tem buscado conectar a retomada econômica pós-covid ao seu compromisso com o desenvolvimento de uma cidade mais sustentável e ambientalmente igual para todos. O município tem a meta de reduzir, até 2024, 11% do peso de resíduos aterrados, viabilizando o retorno deste material à indústria para atingimento de metas de produção de embalagens com conteúdo reciclados, por exemplo.
Além de garantir sustentabilidade, a cidade fomenta negócios circulares, apoia a responsabilidade corporativa e caminha para a meta de neutralizar emissões de gases de efeito estufa até 2050, estabelecida no Plano de Desenvolvimento Sustentável e de Ação Climática.
O município se destaca como um dos poucos no país a desenvolver uma agenda verde com o apoio de organismos internacionais, como a parceria entre a Prefeitura do Rio e a União Europeia, por meio do Programa Plásticos Circulares nas Américas (CPAP), com foco no desenvolvimento de estratégias para uma gestão mais sustentável de resíduos plásticos e incentivos à Economia circular.
O programa identificou no Rio agentes preocupados e preparados para atuar e fazer a diferença. A ação tem o apoio do governo municipal e de entidades que contribuem com a agenda verde da cidade e conta com a participação de diferentes organizações do setor, universidades, centros de pesquisa, entidades ligadas ao turismo, desenvolvimento econômico e inovação.

A troca de experiências entre representantes europeus e cariocas tem como objetivo trabalhar ações propositivas para o fomento da Economia circular na cadeia de valor do plástico. Para isso, tem sido crucial debater os desafios que o Rio enfrenta, como a viabilização de maior volume de resíduos plásticos pós consumo e a reciclagem em escala no município; o incentivo a novos negócios capazes de promover a geração de empregos verdes; a incorporação de processos inovadores na cadeia produtiva do plástico e ações de prevenção à poluição de corpos hídricos por plásticos.
A troca de experiências será reforçada em novembro, quando a cidade vai receber uma comitiva de representantes europeus para o intercâmbio de políticas, instrumentos de fomento e governança para uma cidade pautada na agenda ambiental internacional.
Por meio do engajamento de diferentes atores desse ciclo, buscamos soluções para enfrentar os desafios complexos desta cadeia, desafios que vão além da produção, do consumo e do descarte de produtos. É preciso uma mudança de comportamento, uma mudança cultural. É preciso disposição para avançar na agenda verde e vimos que o Rio está muito aberto a projetos transformadores como este, que farão diferença na vida da sociedade.
Tathiana Colturato é coordenadora Internacional do Programa Plásticos Circulares nas Américas / Brasil e Colômbia