- Severino Silva
Severino Silva
Por O Dia
Petrópolis - O prefeito Bernardo Rossi, autoridades de segurança, do judiciário, vereadores e sociedade civil se reuniram nesta quarta-feira para discutir o projeto de lei que visa a implantação do serviço de mototáxis na cidade. No encontro, Bernardo anunciou o veto com base nas altas taxas de criminalidade que envolvem a utilização de motos e dos constantes acidentes de trânsito.

"Aprovar esse tipo de lei seria, no mínimo, irresponsável com o petropolitano. Ela coloca em risco a vida das pessoas e pode trazer consequências gravíssimas seja por um tombo, uma batida, ou qualquer outro tipo de acidente, além de ser excludente: não atendendo a deficientes físicos, idosos e crianças, por exemplo", destacou o prefeito.

A decisão ocorre após análise do documento entregue pelos vereadores nesta semana. Um levantamento apresentado pelo comandante do Corpo de Bombeiros, Gil Kempers, apresenta um dado preocupante: 72% dos acidentes de trânsito no ano passado envolviam pessoas em motos. Na prática foram 996 sinistros nos 12 meses, sendo 696 envolvendo os motociclistas – alguns deles sequer possuíam habilitação.

"Este ano temos contabilizados 449 sinistros, sendo 316 vítimas de acidentes de moto, ou seja 70%. O que observamos é que a maioria dos acidentes é causado por imprudência e falta de perícia, uma média de dois por dia só com motocicleta. A vítima de um acidente onera o Estado, o INSS, o DPVAT e deixa de ser economicamente ativo", destacou o comandante.

Os dados do hospital referência em trauma no município, o Santa Teresa, apontam que de janeiro a julho deste ano 326 pessoas vítimas de acidentes de motocicleta deram entrada na unidade de saúde. Já o número de acidentados de carro foi de 227. 

Outro índice que preocupa é o de assaltos realizados com motos. Segundo a delegada Juliana Ziehe, da 106ª Delegacia de Polícia, localizada em Itaipava, nove de 18 roubos a pedestres registrados neste ano foram cometidos com a utilização de motocicletas irregulares.

"Um estudo que realizamos apontou o aumento vertiginoso no número de roubos a transeuntes com a utilização de motocicletas entre o primeiro e o segundo semestre deste ano. Entre janeiro e março, quando a polícia realizava ações de repressão à utilização de motos ilegais, o número de roubos era, em média, de 11 por mês. Em abril, quando a atribuição de fiscalização a veículos passou para o Detran, o número começou a crescer. Dados de junho dão conta de 36 assaltos a transeuntes. Se liberar esse tipo de serviço esse número vai aumentar ainda mais”, disse a delegada.

Odilon Lisboa Medeiros, promotor de Justiça da 2ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Comarca de Petrópolis, salientou ainda que a implantação do serviço não resolveria os problemas de trânsito da cidade.

"As motocicletas são o principal meio de transporte para fuga rápida, mas também é preciso pensar que ela não resolve a demanda da população. Hoje é preciso falar de mobilidade de maneira coerente. Não dá para pensar em soluções fáceis e rápidas, mas que impactam de forma negativa na vida da população”, disse Odilon.