Cada vez mais cariocas procuram Petrópolis para viver e fugir do agito da cidade grande
Outro fator que está aquecendo o mercado imobiliário em Petrópolis é a necessidade de distanciamento social criada pela pandemia
Por Marco Antonio Pereira
Petrópolis - “É pau, é pedra, é o fim do caminho”... Esse é o verso inicial da famosa canção de Tom Jobim, “Águas de Março”, criada em 1972 pelo mestre, e que começou a ser escrita em seu sítio do Poço Fundo, localizado atualmente na cidade de São José do Vale do Rio Preto, que na época ainda era distrito de Petrópolis.
Há muito tempo, Petrópolis acolhe figuras ilustres como Tom em suas casas de veraneio, sítios, pousadas, hotéis. Alguns, famosos ou não, timidamente já vinham nos últimos anos transferindo suas vidas para a cidade, em busca de tranquilidade, qualidade de vida e segurança.
Mas o que se tem visto depois do começo da pandemia do novo coronavírus é um movimento muito mais acentuado de “êxodo” dos cariocas em direção à Cidade Imperial. A necessidade de isolamento social e de espaços mais amplos para o convívio familiar, criou uma demanda sem precedentes no mercado imobiliário de pessoas que procuram um imóvel para se estabelecer de vez na região.
Bernardo Eloy - diretor de uma empresa que atua no ramo de empreendimentos imobiliários, sediada em Itaipava - afirma que a procura aumentou muito desde o início da pandemia. “Pessoas que vivem nos grandes centros e tiveram que ficar confinadas dentro de apartamentos, viram a possibilidade de viver em casas com gramados ou em condomínios com amplas áreas”, explicou.
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A proximidade geográfica com a capital também torna Petrópolis atraente. Muitas pessoas dividem o trabalho entre home office e idas pontuais à cidade do Rio de Janeiro quando é preciso, com baixo gasto de deslocamento e pouco tempo de viagem.
É o caso de Fernando Ferreira, que trocou a Barra da Tijuca por Itaipava, mais precisamente por um duplex na Granja Brasil - empreendimento de grande porte na região - para onde se mudou recentemente com a mulher e três filhos.
“Eu vinha a Itaipava para veraneio, já gostava muito da região. O que me fez sair do Rio e vir morar aqui foi essa pandemia, que fez todo mundo repensar muita coisa. Tenho colégio para meus filhos dentro do condomínio, estou trabalhando de home office, tenho uma segurança a mais em comparação ao Rio de Janeiro”, contou Fernando.
Um outro fator que impulsiona a transferência de residência para a região é a financeira: é mais barato viver em Petrópolis do que na Zona Sul da cidade do Rio de janeiro, por exemplo. Ou mantendo os mesmos gastos com moradia, é possível viver em uma casa ou apartamento mais amplo com o mesmo custo.
“Eu consegui reduzir em um terço os meus custos, gasto menos com combustível, com deslocamento e, além disso, o tamanho da casa é maior por um preço mais acessível”, resumiu Fernando.
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“As pessoas estão percebendo que se elas moram em um apartamento de 100 metros quadrados no Rio de Janeiro, pelo mesmo valor do aluguel que paga por ele pode viver aqui em um imóvel 50 a 100 por cento maior, com qualidade de vida, segurança e toda a infraestrutura que ele tem na cidade grande”, destacou Bernardo.
Por conta disso, os negócios somente na região de Itaipava no trimestre abril-maio-junho, em comparação com o mesmo período do ano passado, aumentaram em cerca de 50%, disse o empresário.
Em resumo, vir viver na serra é uma tendência que parece consolidada e que atrai cada vez mais moradores da capital, se tornando para muitas famílias uma outra realidade, só que sem “pau, nem pedra”, apenas o começo de um novo “caminho”.