Antônio, que não tinha contato com a família há mais de 20 anos, reencontrou irmãos e filha, após atendimento e apoio da equipe da UPA de ItaipavaReprodução

Petrópolis - Graças ao trabalho da equipe do Serviço Social da UPA de Itaipava, o Dia dos Pais foi especial neste ano para uma família no Morro da Coroa, na comunidade Santa Teresa, na Região Central do Rio de Janeiro. Antônio, que não tinha contato com a família há mais de 20 anos, reencontrou seus irmãos e sua filha, após atendimento e apoio da equipe da UPA de Itaipava. Ele deu entrada na unidade no dia 30 e recebeu alta na última quinta-feira (5), ao lado do seu irmão, José, e da sua filha, Brenda.
“Para mim foi um momento de choque e de felicidade. Eu queria muito ter o reencontro com meu pai porque eu não sabia como ele estava vivendo. Foram anos de sofrimento sem saber o que estava se passando com ele. Parece que eu estou vivendo em um sonho ainda, que daqui a pouco eu vou acordar e tudo isso vai passar, vou acordar e vai ser tudo uma mentira. Ainda não caiu a ficha”, conta Brenda, filha de Antônio.
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O homem, de 56 anos, deu entrada na UPA de Itaipava na noite de sexta-feira, após atendimento do SAMU no Terminal Itaipava. Ele foi encontrado em situação de rua, desorientado, com inchaço no pé, e sem nenhum documento de identificação. A assistente social da unidade, Deise Antunes, conta como foi a busca para encontrar a família do homem.
“Ele apresentava informações desconexas e não tinha formas de localizar a família. Ele estava bem desorientado. Acionamos a Polícia Civil para fazer a identificação através das digitais, porém eles não encontraram nenhuma compatível no Estado do Rio de Janeiro. Mesmo desorientado, nas conversas ele deu três informações que chamaram atenção quando perguntamos sobre família: o nome da filha, o nome da ex-esposa e uma localidade no Rio de janeiro”, explicou ela.
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A partir daí, foi feito um percurso de comunicação da equipe de Serviço Social da UPA Itaipava, até chegar na Associação de Moradores do Morro da Coroa. Lá, uma mulher com o mesmo nome que o paciente relatava ser de sua filha procurava o homem há mais de 20 anos.
Brenda conta como recebeu a notícia que seu pai havia sido encontrado: “Foi um momento de choque quando recebemos as fotos dele. Ficamos todos emocionados. Já tinha passado um tempo e eu já estava acostumada, de certa forma, em não ter o meu pai comigo e eu não sabia o que poderia ter acontecido com ele. Eu o vi pela última vez quando tinha quatro anos de idade. Hoje tenho 26. Ainda estou tentando assimilar tudo”.
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O Dia dos Pais, comemorado no último domingo (08), foi o primeiro em mais de 20 anos que Antônio passou com sua filha Brenda. Ela conta como foi essa data: “Foi especial. O primeiro nesse tempo todo que ficamos todos juntos, eu, ele e mais alguns tios. Ele ainda está um pouco aéreo e conversa muito pouco. Foram muitos anos sem esse contato com a família e ele está tendo dificuldades em certos momentos até de reconhecer a gente. Mas estou bem feliz com esse reencontro”.
O prefeito de Petrópolis, Hingo Hammes, frisou a importância do trabalho integrado das equipes. "É gratificante ver o quanto o trabalho de cada um pode influenciar no resultado final de ações maiores. É uma história que evidencia a importância do respeito ao próximo, do acolhimento humanizado"..

O coordenador das UPAs Luis Cruzick, ressalta o trabalho realizado pela equipe da unidade. “Queria ressaltar o trabalho em equipe da UPA Itaipava, desde o atendimento do SAMU conduzindo o paciente até a unidade, o acolhimento, a classificação de risco e o atendimento médico. E também enaltecer a atuação do Serviço Social da unidade, que foi incansável agindo de forma muito competente para encontrar a família do paciente”.
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A assistente social Deise finaliza reconhecendo o trabalho realizado em conjunto: “Ficamos todos na unidade bem emocionados com essa história. Um encontro após 20 anos é raro de acontecer. Isso me traz a certeza que as políticas públicas podem contribuir para mudanças nas vidas das famílias. Foi um trabalho em conjunto e o mais importante é que ninguém olhou para ele como se fosse uma pessoa que não merecia ajuda, por ser pessoa em situação de rua. Ele tem uma família e tem uma história. O trabalho da Assistência Social é esse, de garantir o direito de receber o atendimento digno como cidadão. Foi um ato de empatia de todos”.
Antônio, no momento, está morando na casa do seu irmão José, sob os cuidados de sua família. Ele se disponibilizou para ficar com ele, já que tem as condições de cuidar dele diariamente. Antônio, antes de desaparecer já morava com José, em uma casa onde seu irmão era caseiro, em Corrêas, em Petrópolis.