Ficar entre os 10 melhores colocados já era algo previsto pelo atleta, para sua família, o 7º lugar é a resposta de muita dedicação e disciplinaDivulgação/Duke Loren
Com três vitórias, incluindo o espetacular snatch (movimento de levantar a barra com carga) com 138kg, Gui também recebeu o prêmio Most Improved (algo como ‘melhor melhoria’, em português), tendo reconhecida sua trajetória desde que era atleta Teen.
Com orgulho e ainda em êxtase pelo seu ótimo desempenho, o atleta macaense concedeu uma entrevista exclusiva à jornalista do O DIA (e também sua conterrânea) Ana Clara Menezes. Confira:
Nem o calor de vento quente e o coração cheio de saudade da família e da namorada, como ele mesmo disse, foram capazes de paralisar o jovem atleta Gui Malheiros. Carregar a bandeira do Brasil, no estádio que foi recebido com sua foto estampada para todo o mundo ver, foram momentos ainda indescritíveis para Gui.
“Quando eu cheguei eu vi que era real, a minha foto junto dos melhores do mundo, foi uma sensação inexplicável. É a terceira vez que venho pra fora do Brasil, representando minha nação, e quando carreguei a bandeira na abertura, por 15 segundos fechei os olhos e senti a energia de todo mundo ali. Só agradeci a Deus por estar naquele lugar. É um prazer imenso, um sentimento muito louco que eu não tenho dimensão na real o quanto isso significa, só sei que é algo muito grande e importante”, contou.
Sobre o processo difícil e doloroso para chegar em Madison, Malheiros disse que a temporada de 2021 foi a mais longa da sua carreira. Passando por três etapas antes do mundial. “Em todo esse tempo, estava em Brasília, longe dos meus pais. Só vi minha namorada 3 vezes nesse ano. Sem dúvidas foi o treinamento mais duro até agora. Chorei muitas noites com minha família. Não comi muitas coisas que queria, sofri bastante, mas quando segurei a bandeira do meu país e comecei a competir, imaginar minha galera de frente pra TV vibrando, fez tudo valer a pena”, ressaltou o atleta, grato pela sua torcida e trajetória.
Para Guga Malheiros, pai do Gui, ficar entre os 10 melhores colocados já era algo previsto por eles, devido a tamanha dedicação, rotina pesada de treinos (chegando a treinar 3 vezes ao dia) e as abdicações que o atleta teve para chegar no seu objetivo. “Antes de começar os Games, lembro que ele estava um pouco enjoado de estar longe e treinando sem parar, mas ainda assim, a luta e disciplina foram maior. Agora estamos vivendo a lei da semeadura, colhendo o que plantamos. Estamos muito felizes”, disse.
Desenvoltura nas provas - Guilherme afirmou que o primeiro dia da competição (28 de julho) foi melhor do que esperava. Pela primeira vez, um brasileiro venceu a prova na Elite. Gui Malheiros correu como nunca e foi o primeiro colocado na prova 3, com 1 minuto e 15 segundos. Após um dia de descanso, no segundo dia da competição (30 de julho), Guilherme mostrou todo seu talento com cargas altas, finalizando oito segundos à frente do canadense Jeffrey Adler. Conquistando sua segunda vitória no CrossFit Games. E finalizando o dia em 9º lugar na colocação geral.
No sábado (31), penúltimo dia de adrenalina do campeonato, o brasileiro confirmou sua expertise em levantar cargas altíssimas. Confirmando seu favoritismo, venceu com 138 kg no Snatch. Já no último dia do campeonato, Malheiros terminou os Games em sétimo lugar geral, carimbando seu nome, sua força e enchendo de orgulho os crossfiteiros do Brasil.
Veja a colocação de Guilherme Malheiros em cada prova do CrossFit Game 2021, na imagem abaixo:
“Ore pelos seus inimigos” - E foi assim que Gui Malheiros respondeu sobre os ataques dos haters. “Eu entendo que prego que se destaca leva martelada, mosquito não vai em luz apagada, porque se falassem deles, ninguém ia achar graça, então penso que essas pessoas devem ter tido um dia ruim, ou devem ter uma vida ruim, então tentam despejar a energia negativa da vida delas em mim, eu oro por essas pessoas”, afirmou o atleta, que hoje, encara com mais maturidade as críticas nada construtivas nas redes sociais. O atleta disse que vê e logo bloqueia, pois aprendeu a não colocar energia nessas pessoas. “Tem alguns comentários que dão uma ‘raivazinha’, mas eu deixo pra lá. Hoje em dia, sei quem eu sou e não tem como mais me atingir. Foi um processo”, ponderou.
Trajetória - Não é a primeira vez que Guilherme Malheiros, o ‘Gui’, deixa o seu legado na competição que coroa os melhores atletas de Crossfit do mundo. Malheiros, subiu ao pódio em 2017, na divisão teen, e fez história ao ganhar a medalha de prata, sendo o primeiro brasileiro a subir ao pódio do CrossFit Games. Nesta, considerado ‘monstro brasileiro’, impressionou o mundo ao terminar uma prova de levantamento de carga com 132kg.
Essa foi a terceira participação do atleta no campeonato, entre os adultos. Sua primeira vez foi em 2019, quando terminou em 48º no mundo. Em 2020, a vaga foi conquistada como campeão nacional, mas a pandemia do coronavírus atrapalhou a competição.
Orgulho para a família - Segundo os pais do atleta, Gustavo e Shirley Malheiros, Gui sempre foi muito ativo. Gostava de andar de bicicleta, fazia judô e aos 12 anos completava o time de basquete na escola. Mas, com forte espírito competitivo, aos 15 anos decidiu se dedicar exclusivamente ao Crossfit.
“Lembro que conversei com ele, expliquei que no CrossFit, o ganhar e o perder seria exclusivamente responsabilidade dele, diferente de fazer parte de um time. Então ele optou pelo CrossFit e nunca mais parou”, contou o pai do atleta.
“Para nós é motivo de orgulho, principalmente, pelo Gui, ser um filho bondoso, humilde e muito família”, completou a mãe do atleta.
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