Rio - Dezenas de estudantes estão ocupando as unidades de São Cristóvão, Realengo e Engenho Novo do Colégio Pedro II desde o fim da semana passada. Eles protestam contra medidas do governo do presidente Michel Temer (PMDB), como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita os gastos públicos por 20 anos, e as reformas no Ensino Médio.
Até o momento, não há previsão para as ações terminarem. De acordo com informações da assessoria de imprensa do colégio, as aulas estão suspensas nestas filiais e "as direções são contrárias à ocupação".
Recentemente, o Pedro II foi criticado por abolir a distinção do uniforme escolar por gênero. No mês passado, o reitor Oscar Halac havia afirmado que "a escola não deve estar desvinculada de seu tempo e momento histórico". Em apoio ao colégio, alunos, ex-estudantes e professores criaram a hashtag #EuDefendooCPII nas redes sociais, no último sábado, na qual reúnem relatos de experiências na escola.
"É o melhor colégio! Tem que ter ocupação mesmo", disse uma das alunas no Twitter. "Muito orgulho de todos vocês", reforçou outro usuário. "Educação faz com voz e liberdade", destacou mais um internauta sobre a ocupação. Em uma nota divulgada nesta segunda-feira, a direção do Pedro II destacou que a hashtag já foi utilizada por mais de seis mil pessoas na Internet.
Faixas 'Fora Temer' e com frases em defesa do 'marxismo'
No início deste mês, o procurador da República Fábio Moraes de Aragão determinou que as unidades de Realengo e Humaitá retirassem os cartazes contra Temer. Caso a medida não fosse cumprida, os diretores responderiam por improbidade administrativa e crime de prevaricação.
As faixas contra o atual presidente haviam sido fixadas nas unidades de ensino desde o dia 31 de agosto, assinadas pelo Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindicope). O procurador Fábio Moraes Aragão informou que decidiu fazer a recomendação porque foi procurado por pais de alunos. Segundo eles, os professores estavam defendendo bandeiras partidárias dentro do colégio.
Na última sexta-feira, a unidade II de São Cristóvão também esteve no centro de uma polêmica. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra faixas com frases em defesa do "proletariado", do "marxismo" e da "revolução do povo" no pátio de entrada do colégio e no estacionamento.
“Uma escola não pode se posicionar dessa forma”, disse o pai de um aluno de 12 anos do CP II, que não se identificou. O reitor, no entanto, em nota, diz que os cartazes faziam parte de um seminário de responsabilidade de um grupo de estudos ligado à UFF, UNIR e UFPE e que o colégio só cedeu o teatro. Segundo nota da reitoria, o seminário era de responsabilidade do Grupo de Investigação sobre Subdesenvolvimento e Atraso Social. As faixas já foram retiradas.