Por gabriela.mattos
Rio - Internado no Hospital Quinta D'Or, na Zona Norte do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho se recusou a ser examinado por peritos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) na noite deste domingo. O pedido havia sido determinado pelo juiz da 100ª Zona Eleitoral (Campos de Goytacazes), Glaucenir Silva de Oliveira.
Garotinho se recusou a ser examinado por peritos do Ministério Público nesta segunda-feiraMárcio Mercante / Agência O Dia

De acordo com o órgão, Garotinho disse que não poderia ser examinado sem a orientação de seu advogado. Com isso, agentes da Polícia Federal responderam que ele, por decisão judicial, estava incomunicável. "Os peritos entenderam, portanto, que o exame direto seria inadequado naquele momento", informou o MP, em nota.

O juiz justifica sua decisão questionando a idoneidade do médico particular de Garotinho, o cardiologista Marcial Raul Navarrete Uribe. Oliveira cita o fato de o médico ter sido excluído dos quadros do Ministério da Saúde este ano, por ter acumulado esta função com o serviço no âmbito estadual.
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"Eles chegaram de madrugada e lamentavelmente, ele (Garotinho) não aceitou, exigiu a presença do advogado, o que foi inviável, por conta do horário. Foi uma decisão dele. Se eu estivesse lá, teria dito para ele fazer. Nada resiste à verdade. O perito já viu o vídeo do procedimento e o chefe da unidade coronariana deu acesso ao prontuário. Há doze anos ele tem mal-estar, dor no peito", disse Uribe.

A respeito da informação sobre sua dupla função no serviço público, o médico explicou que entrou via concurso público para o antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) em 1975; para os quadros da Secretaria Estadual de Administração passou em 1978. "Na época isso era lícito. Depois passou a não ser, e cassaram minha aposentadoria. Estou no Superior Tribunal de Justiça lutando contra isso", contou o médico, que atende Garotinho há cerca de três anos, mas não o via há um ano, por isso o classifica como um "paciente bissexto"

Ele disse que foi chamado à carceragem da Polícia Federal na quarta-feira passada, quando Garotinho foi preso, e percebeu que seu quadro sugeria uma condição coronariana. Uribe acredita que Garotinho poderia ter sofrido um enfarte agudo caso não tivesse sido transferido para o Hospital Quinta D'Or, que é particular e bem aparelhado; antes, ele passara pelo Hospital Souza Aguiar, que é público, e a unidade de saúde do sistema penitenciário, em Bangu.

Os médicos do Ministério Público conseguiram ter acesso a toda documentação médico-hospitalar de Garotinho e, a partir disso, responderam os quesitos solicitados pelo juiz eleitoral. No parecer consta que o ex-governador “estava respirando em ar ambiente, sem precordialgia, e em boas condições clínicas”. E que “os sinais vitais e todos os parâmetros estavam dentro da normalidade”.

Garotinho, que foi preso na última quarta-feira, tinha 60% de obstrução em ramo descendente posterior de coronária direita e colocou um stent no sábado para tratar a lesão. Segundo as informações do hospital, o tempo esperado de internação, em casos como o do ex-governador, é de 24 horas na unidade cardiointensiva e de 48 na unidade hospitalar.
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Com informações do Estadão Conteúdo