Por rafael.nascimento

Rio - Após os acidentes envolvendo dois carros alegóricos — um da Paraíso do Tuiuti, no domingo, e outro da Unidos da Tijuca, nesta segunda-feira — que deixou várias pessoas feridas na Sapucaí, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) deverá criar padrões de segurança para a construção dos carros alegóricos das escolas de samba.

“Vou convocar a partir de quinta-feira essa pauta. Em meados de março fazemos o painel setorial, convidando as pessoas a participar Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), Prefeitura do Rio e Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Deste painel setorial sai um grupo de trabalho, que certamente vai propor uma regra”, disse Carlos Augusto de Azevedo, presidente do órgão, à GloboNews nesta terça-feira.

Azevedo afirmou que o processo de criação do padrão de segurança deverá demorar entre três e seis meses. “Não há motivo para demorar mais do que isso. Já temos todo o regramento para veículos especiais e de cargas perigosas”, contou. O Inmetro afirmou ainda que a instituição procurou no ano passado a Liesa para que o órgão participasse mais ativamente da regulamentação do Carnaval. “Nós procuramos (a Liesa) para fazer a certificação. Ficou para ser feito este ano”, afirmou.

Assim que a padronização ficar pronta, a regulamentação deverá abordar todas as fases de construção de um carro alegórico, começando pela estrutura, parte de motores e funcionamento do carro no momento do desfile — como a parte elétrica. Além de criar a norma, o Inmetro também deverá ser o responsável por vistoriar e aprovar os carros alegóricos antes dos desfiles na Marquês de Sapucaí.

Engenheiros opinam 

Os engenheiros, no entanto, cobram ainda mais rigor para as alegorias que vão para a Avenida. Mesmo destacando que a Polícia Civil vai identificar as causas dos acidentes, o engenheiro civil especialista em estrutura e ex-conselheiro do Crea-RJ Antônio Eulálio aponta três hipóteses: falha de projeto, falha de execução e mau uso.

“O carro tem que ser projetado por engenheiro especializado em estrutura metálica, que é apto para montar a alegoria prevendo todas as hipóteses (peso da estrutura, vento, ações de frenagem, aceleração etc). Se isso não ocorre, há falha de projeto”, explica Eulálio.

Já a falha de execução acontece, segundo ele, quando se utiliza “mão de obra não qualificada”, resultando em “estrutura mal feita”. O mau uso é quando, por exemplo, o projeto especifica uma quantidade de pessoas por metro quadrado e esse limite não é respeitado.

Essa hipótese, inclusive, foi levantada por um integrante da alegoria da Unidos da Tijuca, em entrevista ao RJTV. O rapaz narrou que, nos ensaios, havia 16 pessoas, mas que, durante o desfile, o carro levava muito mais componentes.

Para o conselheiro do Clube de Engenharia e também especialista em estruturas, Manoel Lapa, os “engenheiros têm que participar efetivamente da concepção das alegorias”. Ele ressalta ainda que “não é seguro os componentes desfilarem sem nenhum tipo de proteção”: “Se alguém sobe num andaime, tem que ter cinto, capacete, todo esse material. Se vai subir num carro desse tamanho, tem que ter dispositivos também”.

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